A Ausência VIII - Joaquim Pessoa
Tu ensinaste-me a fazer uma casa:
com as mãos e os beijos.
Eu morri em ti e em ti os meus versos procuraram
voz e abrigo.
E em ti guardei meu fogo e meu desejo.
Construí a minha casa.
Porém não sei já das tuas mãos. Os teus lábios perderam-se
entre palavras duras e precisas
que tornaram a tua boca fria
e a minha boca triste como um cemitério de beijos.
Mas recordo a sede unindo as nossas bocas
mordendo o fruto das manhãs proibidas
quando as nossas mãos surgiam por detrás de tudo
para saudar o vento.
E vejo ainda o teu corpo perfumando a erva
e os teus cabelos soltando revoadas de pássaros
que agora se recolhem, quando a noite se move,
nesta casa de versos onde guardo o teu nome.
Joaquim Pessoa, nasceu no Barreiro a 22 de Fevereiro de 1948
Ler do mesmo autor, neste blog:
Quero-te para além das coisas justas
Se ao menos soubesses tudo o que eu não disse
1 comments:
Å®t Øf £övë
disse...
Muito bonito o poema. Cheio de sentimento. Obrigado pela partilha.
Abraço.
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