XIV - Salvador Novo
Si pudieras quedarte, dueño mío;
si yo pudiera compartir tu lecho;
sentir tu corazón junto a mi pecho
vibrar en jubiloso desvarío;
pasar toda una noche, dueño mío,
entre tu abrazo férvido y estrecho;
entregarte la vida, y satisfecho,
la vida reanudar con nuevo brío.
Pero es fuerza partir. Un lecho frío
me depara el silencio de su abrigo,
tan correcto - tan amplio - y tan vacío.
¡Mañana nos veremos! Y me digo,
"Que a dormir a tu lado, dueño mío,
siempre será mejor soñar contigo."
XIV
(recriado por Glauco Mattoso)
Não podes, dono meu, ficar comigo?
Não posso dividir contigo o leito?
Só quero ao coração sentir teu peito,
ouvir, baixinho, os ecos do que digo!
Passar a noite inteira, meu amigo,
colado ao teu calor, no abraço estreito,
a vida te entregar, e, satisfeito,
tomar por novo lar tão breve abrigo!
Partir é necessário, infelizmente,
e o leito agora encaro com tristeza:
tão vasto, tão vazio, e nada quente!
À noite, novamente à mesma mesa,
jantamos, e meu medo já pressente:
dormir contigo é vão; sonhar, certeza.
Salvador Novo López (n. Cidade de México, 30 Jul. 1904 – m. 13 Jan. 1974)
Ler do mesmo autor no Nothingandall: Este Perfume; Amor
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