Budismo Moderno - Augusto dos Anjos
Tome, Dr., essa tesoura, e... corte
Minha singularíssima pessoa.
Que importa a mim que a bicharia roa
Todo meu coração, depois da morte?!
Ah! Um urubu pousou na minha sorte!
Também, das diatomáceas da lagoa
A criptógama cápsula se esbroa
Ao contacto de bronca dextra forte!
Dissolva-se, portanto, minha vida
Igualmente a uma célula caída
Na aberração de um óvulo infecundo;
Mas o agregado abstracto das saudades
Fique batendo nas perpétuas grades
Do último verso que eu fizer no mundo!
in Cinco Séculos de Poesia, Antologia da Poesia Clássica Brasileira, Seleção e Introdução de Frederico Barbosa, Landy Editora
Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos (n. no Engenho Pau d'Arco, Paraíba, no dia 20 de abril de 1884; m. em Leopoldina em 12 de Nov. de 1914).
Ler do mesmo autor:
O sonho, a crença e o amor
Ao Luar
A Ideia;
Tempos Idos;
Versos Intimos;
Soneto (canta teu riso...)
Contrastes
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