Soneto LXXIV - António Dinis da Cruz (na passagem dos 210 anos da sua morte)
Vem, oh Noite sombria; e revolvendo
O longo açoite , que à carreira acende
As fuscas Éguas, sobre a terra estende
De sombras carregado o manto horrendo:
Vem; e às brancas papoilas espremendo,
Em letárgico sono os mortais prende;
Que a minha bela Aglaia hoje me atende,
A meu amor mil glórias prometendo.
Se ás minhas vozes dás benigno ouvido,
Encobrindo com teu escuro manto
Os suaves delírios de amor cego;
Imolar-te prometo agradecido
Um negro galo, que em contínuo canto
Se atreve a perturbar o teu sossego.
António Dinis da Cruz e Silva (n. Lisboa 1731 – m. Rio de Janeiro, 5 Outubro de 1799)
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