Quinto Poema - Laura Santos
Na noite erma e profunda
Soam vozes estranhas,
Poemas de amor que nascem das entranhas
Da terra.
E em meus olhos, que são portas escancaradas
Para a vida,
Fulge o desejo intenso,
Singular,
De pecar...
Agora,
Após ecoarem de vagar
As doze badaladas
Na velha torre,
Já não se escutam mais vozes estranhas...
Paira em tudo um silêncio incompreensível,
Esquisito,
Como se a alma da noite
Se houvesse diluído no infinito.
Só na minha alma ainda há a vida e a vibração,
Sem esperança,
De íntimo ardor,
Toda a ofegar em sonho
E em desejo a fremir;
A vibração e a vida de um amor,
Que, à semelhança
Do tinhorão tristonho,
Jamais há de florir.
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