Soneto - E. E. Cummings
Não será sempre assim... Quando não for;
Quando teus lábios forem de outro; quando
No rosto de outro o teu suspiro brando
Soprar; quando em silêncio, ou no maior
Delírio de palavras desvairando,
Ao teu peito o estreitares com fervor;
Quando, um dia, em frieza e desamor
Tua afeição por mim se for trocando:
Se tal acontecer; fala-me. Irei
Procurá-lo, dizer-lhe num sorriso:
«Goza a ventura de que já gozei.»
Depois, desviando os olhos, de improviso,
Longe, ah tão longe, um pássaro ouvirei
Cantar no meu perdido paraíso.
(Tradução de Manuel Bandeira)
em Rosa do Mundo, 2001 Poemas para o Futuro, Assírio & Alvim
Edward Estlin Cummings (n. 14 Out 1894 na cidade de Cambridge, Massachusetts; m. em 3 Set. 1962 em North Conway, New Hampshire)
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