Filha do vento / Hijas do Vento - Alexandra Pizarnick (as palavras suicidaram-se há 37 anos mas perduram bem vivos os seus ecos...)
Vieram.
Invadem o sangue.
Cheiram a penas, a carência,
a choro.
Mas tu alimentas o medo
e a solidão
como se fossem dois pequenos animais
perdidos no deserto.
Vieram
para incendiar a idade do sonho.
Um adeus é tua vida.
Mas tu te abraças
como a serpente louca de movimento
que só encontra a si mesma
pois não há ninguém.
Tu choras debaixo de tuas lágrimas,
abres o cofre de teus desejos
e és mais rica que a noite.
Mas há tanta solidão
que as palavras se suicidam.
Version original
Han venido.
Invaden la sangre.
Huelen a plumas,
a carencias,
a llanto.
Pero tú alimentas al miedo
y a la soledad
como a dos animales pequeños
perdidos en el desierto.
Han venido
a incendiar la edad del sueño.
Un adiós es tu vida.
Pero tú te abrazas
como la serpiente loca de movimiento
que sólo se halla a sí misma
porque no hay nadie.
Tú lloras debajo del llanto,
tú abres el cofre de tus deseos
y eres más rica que la noche.
Pero hace tanta soledad
que las palabras se suicidan.
Alejandra Pizarnik (Buenos Aires, 29 de Abril de 1936 - 25 de Setembro de 1972)
Ler da mesma autora neste blog
Não as palavras / No las palabras
Sentido de su ausencia
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