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2009-07-04

Soneto XCVIII - Cláudio Manuel da Costa (na passagem dos 220 anos sobre a sua morte)

Destes penhascos fez a natureza
O berço, em que nasci! oh quem cuidara,
Que entre penhas tão duras se criara
Uma alma terna, um peito sem dureza!

Amor, que vence os tigre por empresa
Tomou logo render-me; ele declara
Contra o meu coração guerra tão rara,
Que não me foi bastante a fortaleza.

Por mais que eu mesmo conhecesse o dano,
A que dava ocasião minha brandura,
Nunca pude fugir ao cego engano:

Vós, que ostentais a condição mais dura,
Temei, penhas, temei; que Amor tirano,
Onde há mais resistência, mais se apura.


in Cinco Séculos de Poesia, Antologia da Poesia Clássica Brasileira, Selecção e Introdução de Frederico Barbosa, Landy Editora

Cláudio Manuel da Costa (n. na Vargem do Itacolomi, atual Mariana, MG a 5 Jun 1729; m. em Vila Rica, actual Ouro Preto, MG, a 4 Jul 1789).

Ler do mesmo autor, neste blog: Pastores...; Soneto V; Nize, Nize, onde estás?...; Soneto XLVI


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