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2009-04-30

Amargura - Moacyr de Almeida

Ah! não ser compreendido é a tortura do Artista!
Ofegante, rompendo os joelhos pelas fragas,
Vê, debalde, fulgir, nas nuvens de ametista,
A miragem do ideal, entre as estrelas magas...

Arqueja; o vendaval de angústias que o contrista
Vem-lhe aos olhos sangrar em tristezas pressagas...
Alça a vista: arde o céu tão longe! Baixa a vista:
Tão longe os corações a rolar como as vagas!

E ele, que tem o azul preso no crânio aflito,
Abre em astros de sangue a noite dos abrolhos,
Ergue constelações de rimas no infinito...

Soluça de aflição no deserto profundo,
Tendo os astros no olhar e a noite sobre os olhos,
Tendo os mundos nas mãos sem nada ter no Mundo!...

Moacyr Gomes de Almeida (nasceu a 22 de abril de 1902, Rio de Janeiro, RJ e faleceu a 30 de abril de 1925, Rio de Janeiro)


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