Soneto - José Maria do Amaral
Passaste como a estrela matutina,
Que se some na luz pura da aurora;
Da vida só viveste aquela hora
Em que a existência em flor luz sem neblina.
Ver-te e perder-te! De tão triste sina
Não passa a mágoa em mim, antes piora;
Sem ver-te já, minha alma ainda te adora
Em triste culto que a saudade ensina.
Não vivo aqui; a vida em ti só ponho,
Na fé, de Cristo filha, a dor abrigo,
Futuro em ti no céu vejo risonho!
este mundo, meu mundo é teu jazigo;
Dizem que a vida é triste e falaz sonho,
Se é sonho a vida, sonharei contigo.
José Maria do Amaral Filho (nasceu no Rio de Janeiro a 14 de Março de 1812 — faleceu em Niterói a 23 de Set. de 1885)
Ler do mesmo autor neste blog: Tristezas de Minha Alma Tão Sentidas
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