Pobre Amor - Aluísio Azevedo (na passagem do 96º. aniversário do desaparecimento)
Calcula, minha amiga, que tortura!
Amo-te muito e muito, e, todavia,
Preferira morrer a ver-te um dia
Merecer o labéu de esposa impura!
Que te não enterneça esta loucura,
Que te não mova nunca esta agonia,
Que eu muito sofra porque és casta e pura,
Que, se o não foras, quanto eu sofreria!
Ah! Quanto eu sofreria se alegrasses
Com teus beijos de amor, meus lábios tristes,
Com teus beijos de amor, as minhas faces!
Persiste na moral em que persistes.
Ah! Quanto eu sofreria se pecasses,
Mas quanto sofro mais porque resistes!
Aluísio Tancredo Gonçalves de Azevedo (n. São Luís do Maranhão, 14 de Abril de 1857 — m. Buenos Aires, 21 de Janeiro de 1913)
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