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2008-10-05

À Vida Rústica - Maximiano Torres

A lavrar o campo imagem daqui

Feliz o que da corte retirado
lá nos campos que herdou de seus maiores,
imitando os singelos lavradores,
volve os pátrios torrões c’o liso arado.

Não desperta jamais alvoroçado
da rude chusma aos náuticos clamores;
nem ao tom dos horríficos tambores
ou da estrondosa bomba ao rouco brado.

Sem de temor pender nem de esperança,
não vai co’a leve turba aduladora
incensar os altares da privança;

humilde enfim, a Providência adora,
no meio da tormenta ou da bonança:
esta é a vida, ó céus, que me namora.

Domingos MAXIMIANO TORRES nasceu em Rio de Mouro (Sintra) a 6 de Fevereiro de 1748 e faleceu na Trafaria a 5 de Outubro de 1810. Bacharel em Direito pela universidade de Coimbra (1770), foi alfandegário. Após a expulsão das tropas de Junot (1808), acusado de jacobino, morreu no presídio da margem esquerda do Tejo. Usava o nome arcádico de Alfeno Cynthio.

Soneto e nota biobibliográfica extraídos de «A Circulatura do Quadrado - Alguns dos Mais Belos Sonetos de Poetas cuja Mátria é a Língua Portuguesa. Introdução, coordenação e notas de António Ruivo Mouzinho. Edições Unicepe - Cooperativa Livreira de Estudantes do Porto, 2004.


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