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2008-10-09

Eterno Feminino - Eduardo Coimbra

Quando tu passas, tímida, sorrindo,
alegrando-me a alma dolorida,
quisera ser a pedra endurecida,
onde poisas o pé pequeno e lindo.

Quando tu passas, tímida, sorrindo,
numa alegria cândida, sentida,
eu sinto-me surgir, de novo, a vida
e fico todo num prazer infindo.

Para a minha alma pálida e sombria,
desponta o sol puríssimo do dia,
inundando-a de luz serena e pura;

mas, depois do teu vulto perpassar,
quando me falta a luz do teu olhar,
depois, vem outra vez a noite escura…

Eduardo Coimbra nasceu no Porto em 1864 e aí morreu, tuberculoso, a 9 de Outubro de 1884. Boémio e neo-romântico, acamaradou com António Nobre, embora os seus «Dispersos» (1884), prefaciados por Joaquim de Araújo, revelem antes influências de João de Deus e Gonçalves Crespo.

Soneto e nota biobibliográfica extraídos de «A Circulatura do Quadrado - Alguns dos Mais Belos Sonetos de Poetas cuja Mátria é a Língua Portuguesa. Introdução, coordenação e notas de António Ruivo Mouzinho. Edições Unicepe - Cooperativa Livreira de Estudantes do Porto, 2004.


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