À volta de «Não tenho planos de longo prazo...»
Hoje acordei com a frase «Não tenho planos de longo prazo», batida e recorrentemente na cabeça, tal como ocorre com uma música que não nos larga desde que acordamos, mesmo sem saber, às vezes, o nome nem o autor…
Ah …lembrei-me, pode ser que haja um poema interessante sobre isso… Pessoa deve ter escrito isso alguma vez...
O Google (pois claro!) pode ajudar. A pesquisa «não tenho planos de longo prazo» obteve 1.350.000 respostas. De que me serve algo assim? Da situação indeterminada que estava antes da busca passei para um finito numerável de muito pouca utilidade. 1.350.000 respostas? Onde vou encontrar um poema no meio disto?
Acrescentei a palavra «poema» na busca e as respostas logo ficaram reduzidas a 333.000 (a quase 25%). Porque será que a poesia elimina logo 75% das coisas, quando afinal nos acrescenta tanto?
Detenho-me na primeira resposta peripécias desimportantes e leio:
«não consigo fazer planos de longo prazo, não consigo fugir das garras desse imediatismo opressor, essa necessidade clamorosa de viver desprendida é uma ridícula contradição. sou escrava da espontaneidade e não assino embaixo de nada. não contem comigo, não acreditem nas minhas promessas. hoje estou aqui mas amanhã posso estar em um outro lugar e dizer que não conheço a data do retorno. Odeio passagens compradas, odeio horários, odeio obrigações. Quero ser filha do vento, mas também não quero ser carregada»
Hmmm eu também hoje estou aqui mas amanhã posso estar em outro lugar! Também preferiria as passagens de graça e odeio algumas obrigações (as outras tenho de tolerar). Quanto à maternidade prefiro a minha mãe ao vento, especialmente se ele tiver o nome de Gustav.
A escrita de Mirella cativa. No seu perfil escreve: «gosto do impossível, tenho medo do provável, dou risada do ridículo e choro porque tenho vontade, mas nem sempre tenho motivo. Tenho um sorriso confiante que as vezes não demonstra o tanto de insegurança por trás dele. Sou inconstante e talvez imprevisível. Não gosto de rotina. Eu amo de verdade aqueles pra quem eu digo isso, e me irrito de forma inexplicável quando não botam fé nas minhas palavras. Nem sempre coloco em prática aquilo que eu julgo certo. São poucas as pessoas pra quem eu me explico».
Não é um poema mas é poético. Muito bem Mirella … «don’t worry, be happy», muitas dessas coisas vão passar com a idade e a experiência e ouso acrescentar ainda, infelizmente!
Busco nas outras respostas, agora mais demoradamente, e vou parar aqui a uma espécie de Lição de gestão. Diz Eugenio Mussak que Existe uma diferença entre «fazer planos» e «elaborar um planejamento».
Fico também a saber que no começo do ano «não há ninguém que não faça planos nesta época. Profissionais ou pessoais, às vezes são chamados de decisões, resoluções, objetivos, guinadas, mudanças, definições, rupturas ou outra dessas idéias criadas pelo encontro da vontade de ser melhor com a emoção das festas de que participamos ou a que assistimos. Os nomes são vários, mas são sempre planos».
E o artigo termina com uma pergunta interessante: «o presidente planeja em longo prazo porque é o presidente, ou ele é o presidente porque planeja em longo prazo?»
Concluo que, seja como for, uma vez que não tenho planos de longpo prazo não sou (não posso ser) e não serei presidente, de coisa alguma.
Quanto ao poema, não tendo muito a ver com planos, descobri, ainda no leque de respostas obtidas, em Poemas de Amor, este Faço anos:
Hoje é o meu dia de anos.
Mas nem o parece.
É mais um dia, as desilusões continuam alojadas no meu coração.
Nada muda.
Antigamente acordava ansioso, e contente, passava o dia a sorrir
Agora faltam esses sorrisos da família, os abraços, a festa...
Tudo isso que fazia da minha vida uma orquestra
De sensações que eu adorava saborear, porque eu era o centro das atenções
Hoje limito-me ao facto de ver o dia passar
De ver que caminho para um destino inevitável, detestável
Não me importa fazer anos.
E mesmo que a minha mente gere planos
Jamais saberei como será um dia de aniversário
Porque o tempo se tornou meu adversário
Tenho saudades de antigamente...
Das brincadeiras com os meus amigos, desde o dia que nasci
Agora não sei por onde andam, e eu continuo aqui
Para soprar metaforicamente mais um ano de vida
Para consumar uma mudança nunca antes conseguida..
Sopro apenas por tradição..
Porque no meu coração..
Sopro em vão.
É o meu aniversário, abro-me perante o espelho
Hoje não faço anos..
Hoje estou um ano mais velho.
Tcheka' 31/03/08
Olha, anima-te, é que na verdade, fizeste mesmo anos e só estás um dia mais velho...
Tenham todos um bom dia, recebam sorrisos, flores e ... poesia, pois claro.
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