Eterna Tarde - Alceu Wamosy
Foto: Praça do pôr do sol - Agnaldo Ribeiro daqui
A tarde vai morrer, calma como uma santa,
num êxtase de luz infinito e divino.
Há nas luzes do céu qualquer coisa que canta,
com músicas de cor, a tristeza de um hino.
Tudo, em torno de nós, se esbate e se quebranta.
Em nossos corações, como um dobre de sino,
e esperança agoniza; e a alma, triste, levanta
suas trêmulas mãos para o altar do destino.
Não é somente a tarde, a eterna moribunda,
que vai morrer, e espalha esta mágoa profunda
no nosso olhar, nas nossas mãos, na nossa voz...
É uma outra tarde — que nunca há de ser aurora
como a do céu será amanhã — que morre agora,
triste, dentro de nós...
Alceu de Freitas Wamosy (n. em Uruguaiana, Rio Grande do Sul (RS) a 14 de Fevereiro de 1895 — m. em Santana do Livramento (RS) a 13 de Set. de 1923)
Ler do mesmo autor, neste blog:
Noturno
Ária Antiga
Duas Almas
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