Copo de Água - Alberto de Lacerda
Que maravilha um copo de água!
Que transparência saborosa
Penetra a luz nos nossos lábios
Como nos olhos uma rosa.
Ó material, imaterial
Incandescência, ponte clara!
Brasão da terra, misterioso,
Da terra boa, terra amara.
Ó doçura que nos inunda
Como um clarão vindo de tudo,
Ó água que vais abrigando
Neste copo teu riso mudo!
Mudo? Não sei. Talvez caudal
Já tenhas sido, eco celeste,
Céu que te abres ao corpo súplice,
Seda que a sede humana veste!
in Antologia da Poesia Portuguesa Contemporânea, Um Panorama
Organização de Alberto da Costa e Silva e Alexei Bueno, Lacerda Editores
Alberto de Lacerda (n. em 20 Sep. 1928 em Moçambique; m. em Londres a 26 Ago 2007)
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