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2008-07-08

SILÊNCIO - Gerardo Diego







A voz a branca voz que me chamava
quase já nem em sonhos a adivinho
    Soa sem som angélico
    Cada dia mais tímido.

Sob a água do lago, lenta enterra-se;
afoga-se no fundo desse abismo.
     Os anos vão tecendo
     densas capas de limo.

Ela esforça-se por romper as ondas,
por deixar seu cristal em meus ouvidos.
     Eu já mal a escuto
     como um leve suspiro.

Mais do que a voz,chega-me a harmonia
Já, mais que timbre é vacilante espírito.
    Cerca-me, mudo e gélido,
    o silêncio infinito.

in Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea, selecção e tradução de José Bento, Assírio & Alvim

Gerardo Diego (n. Santander 3 Oct 1896; m. Madrid 8 Jul 1987)


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