SILÊNCIO - Gerardo Diego
A voz a branca voz que me chamava
quase já nem em sonhos a adivinho
Soa sem som angélico
Cada dia mais tímido.
Sob a água do lago, lenta enterra-se;
afoga-se no fundo desse abismo.
Os anos vão tecendo
densas capas de limo.
Ela esforça-se por romper as ondas,
por deixar seu cristal em meus ouvidos.
Eu já mal a escuto
como um leve suspiro.
Mais do que a voz,chega-me a harmonia
Já, mais que timbre é vacilante espírito.
Cerca-me, mudo e gélido,
o silêncio infinito.
in Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea, selecção e tradução de José Bento, Assírio & Alvim
Gerardo Diego (n. Santander 3 Oct 1896; m. Madrid 8 Jul 1987)
0 comments:
Enviar um comentário