Na Roça - Gonçalves Crespo
Chegando da Roça de Jocelino Soares daqui
Cercada de mestiças, no terreiro,
cisma a Senhora Moça; vem descendo
a noite e, pouco a pouco, escurecendo
o vale umbroso e o monte sobranceiro.
Brilham insectos no capim rasteiro,
vêm das matas os negros recolhendo;
na longa estrada, ecoa esmorecendo
o monótono canto de um tropeiro.
Atrás das grades, pardas borboletas,
crianças nuas lá se vão inquietas
na varanda, correndo, ladrilhada.
Desponta a lua, o sabiá gorgeia,
enquanto às portas do curral ondeia
a mugidora fila da boiada...
António Cândido GONÇALVES CRESPO nasceu nos subúrbios do Rio de Janeiro a 11 de Março de 1846 e morreu, tuberculoso, em Lisboa, a 11 de Junho de 1883. Filho de português e mestiça, veio para Portugal aos 14 anos e matriculou-se, em 1870, na universidade de Coimbra, onde concluiu o bacharelato em Direito em 1875. Casou com a escritora Maria Amália Vaz de Carvalho (12 de Março de 1874) e foi deputado pelo círculo da Índia (1879 e 1884). Apesar de naturalizado português, é autor de alguns poemas tipicamente brasileiros. Não é por acaso que o principal expoente do Parnasianismo português é natural do Brasil, país onde esse movimento literário haveria de conhecer grande voga. Estreou-se com «Miniaturas» (1871), donde foi extraído o soneto «Na Roça», sendo os outros dois dos «Nocturnos» (1882).
Soneto e nota biobliográfica extraídos de «A Circulatura do Quadrado - Alguns dos Mais Belos Sonetos de Poetas cuja Mátria é a Língua Portuguesa. Introdução, coordenação e notas de António Ruivo Mouzinho. Edições Unicepe - Cooperativa Livreira de Estudantes do Porto, 2004.
cisma a Senhora Moça; vem descendo
a noite e, pouco a pouco, escurecendo
o vale umbroso e o monte sobranceiro.
Brilham insectos no capim rasteiro,
vêm das matas os negros recolhendo;
na longa estrada, ecoa esmorecendo
o monótono canto de um tropeiro.
Atrás das grades, pardas borboletas,
crianças nuas lá se vão inquietas
na varanda, correndo, ladrilhada.
Desponta a lua, o sabiá gorgeia,
enquanto às portas do curral ondeia
a mugidora fila da boiada...
António Cândido GONÇALVES CRESPO nasceu nos subúrbios do Rio de Janeiro a 11 de Março de 1846 e morreu, tuberculoso, em Lisboa, a 11 de Junho de 1883. Filho de português e mestiça, veio para Portugal aos 14 anos e matriculou-se, em 1870, na universidade de Coimbra, onde concluiu o bacharelato em Direito em 1875. Casou com a escritora Maria Amália Vaz de Carvalho (12 de Março de 1874) e foi deputado pelo círculo da Índia (1879 e 1884). Apesar de naturalizado português, é autor de alguns poemas tipicamente brasileiros. Não é por acaso que o principal expoente do Parnasianismo português é natural do Brasil, país onde esse movimento literário haveria de conhecer grande voga. Estreou-se com «Miniaturas» (1871), donde foi extraído o soneto «Na Roça», sendo os outros dois dos «Nocturnos» (1882).
Soneto e nota biobliográfica extraídos de «A Circulatura do Quadrado - Alguns dos Mais Belos Sonetos de Poetas cuja Mátria é a Língua Portuguesa. Introdução, coordenação e notas de António Ruivo Mouzinho. Edições Unicepe - Cooperativa Livreira de Estudantes do Porto, 2004.
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