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2008-06-20

A Folha de Salgueiro

Salgueiro

Adoro esta mulher moça e formosa,
Que à janela, a sonhar, vejo esquecida,
Não por ter uma casa sumptuosa
Junto ao Rio Amarelo construída...
- Amo-a porque uma folha melindrosa
Deixou cair nas águas distraída.

Tambem adoro a brisa do Levante
Não por trazer a essência virginal
Do pessegueiro que floriu distante,
No pendor da Montanha Oriental...
- Amo-a porque impeliu a folha errante
Ao meu batel no lago de cristal.

E adoro a folha, não por ter lembrado
A nova primavera que rompeu,
Mas por causa de um nome idolatrado
Que essa jovem mulher n'ela escreveu
Com a doirada agulha do bordado...
E esse nome... era o meu !

in Poesias Completas - António Feijó, Prefácio de J. Candido Martins, Edições Caixotim

António Joaquim de Castro Feijó nasceu em Ponte de Lima (Minho) a 1 de Junho de 1859 e faleceu em Upsala (Suécia) a 20 de Junho de 1917.

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