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2008-05-06

O Milagre das Rosas - Campos de Figueiredo

"Santa Isabel e o Milagre das Rosas" , óleo sobre madeira, Anónimo,
Século XVI, Museu Nacional Machado de Castro, Coimbra


Trazia ouro aos Pobres… dava estrelas,
que no jardim azul do céu colhera,
mas, quando El-Rei Dinis desejou vê-las,
floriu, no seu regaço, a primavera.

− «Vede, são rosas brancas, fui colhê-las
para os gafos, Senhor! Julgáveis que era
dinheiro em vez de flores? A Deus prouvera
que em oiro e pão pudesse convertê-las!»

Repete-se o milagre, eternamente:
caem do céu, às horas do poente,
rosas de oiro, vermelhas, a sangrar…

E, à noite, é Ela sempre que, na treva,
sobre a linda Cidade medieva,
desfolha rosas brancas, ao luar!

José Campos de Figueiredo nasceu em Sernache (Coimbra) a 6 de Maio de 1899 e faleceu em Coimbra a 29 de Novembro de 1965. Foi gerente bancário (C.G.D.) e distinguiu-se tanto na poesia (em 1942, «Navio na Montanha» ganhou o prémio Antero de Quental, o mesmo que galardoara, em 1934, a «Mensagem» de Fernando Pessoa) como no teatro radiofónico (o poema lírico-dramático «Obed» alcançou em 1957 o prémio Ricardo Malheiros, conferido pela Academia das Ciências de Lisboa). Cultivou também a literatura infantil.

Soneto e nota biobliográfica extraídos de «A Circulatura do Quadrado - Alguns dos Mais Belos Sonetos de Poetas cuja Mátria é a Língua Portuguesa. Introdução, coordenação e notas de António Ruivo Mouzinho. Edições Unicepe - Cooperativa Livreira de Estudantes do Porto, 2004.


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