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2008-05-25

D. Quixote - Maria Virgínia Monteiro

Don Quijote de La Mancha and Sancho Panza,
1863 Gustave Doré

Nunca serás dos escolhidos, dos primeiros
(dos bem amados senhores do Absoluto!).
Vestido chegas de saudade, por janeiros,
e arrastas longos teus farrapos e o teu luto.

Mas não te apontem os caminhos verdadeiros
os que possuem da Verdade o usufruto,
os que mantêm, esforçados cavaleiros,
as torres altas da Mudança por reduto!

Cavaleiro apenas és, de esporas rotas,
sem vitórias conseguidas, de armas botas,
pelos caminhos esgrimindo vacilante,

como bálsamo o choro das derrotas
nas feridas, trespassados elmo e cotas,
D. Quixote sem cavalo Rocinante.

Mª VIRGÍNIA Santos Teles Guerra MONTEIRO nasceu em Espinho a 25 de Maio de 1931. Filha do poeta Oliveira Guerra, licenciou-se em Línguas e Literaturas Modernas pela Faculdade de Letras do Porto e exerceu o magistério no ensino secundário. Poetisa bilingue, publicou: «Mulher de Loth» (1992), «...Ribeiro, teu indício» (1995), «O Silêncio Todo» (2000), «Ces Quelques Lettres Portugaises» e «As Cinzas e as Brisas» (2002), e «Precário Registo» (2003).

Soneto e Nota biobliográfica extraídos de «A Circulatura do Quadrado - Alguns dos Mais Belos Sonetos de Poetas cuja Mátria é a Língua Portuguesa. Introdução, coordenação e notas de António Ruivo Mouzinho. Edições Unicepe - Cooperativa Livreira de Estudantes do Porto, 2004.


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