ARS - José Asunción Silva
O verso é um vaso santo; ponde nele somente
um pensamento puro,
em cujo fundo bulam ferventes as imagens,
como bolhas douradas de um velho vinho escuro!
Ali vertei flores que na contínua luta
pisou do mundo o frio,
lembranças deliciosas de tempos que não voltam,
e nardos empapados de gotas de rocio.
Para que se perfume a mísera existência
Como de essência ignota,
queimando-se no fogo da alma enternecida:
de tal supremo bálsamo chega uma só gota.
Trad. José Bento
em Rosa do Mundo, 2001 Poemas para o Futuro, Assírio & Alvim
José Asunción Silva (n. Bogotá, Colombia 27 Nov. 1865; n. 23 May 1896, Bogotá)
Versão original aqui
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