Tuas antigas falas, onde havia... - Julio Brandão
Tuas antigas falas, onde havia
a cadência de música magoada,
tuas antigas falas, que eu ouvia
como um murmúrio de água namorada,
nunca mais as ouvi! E nasce o dia
e o dia morre, minha bem amada,
e eu vou mirrando de melancolia,
e a vida é água que se vai levada...
Volve a dizer-me o que disseste, quando
te vi partir, mais pálida que a lua,
que nos encheu de sonho e de piedade,
enquanto eu vivo, meu amor, penando,
e a minha vida corre para a tua
nesta língua de lume da saudade...
Júlio Sousa Brandão nasceu em Famalicão a 9 de Agosto de 1869 e morreu a 9 de Abril de 1947 no Porto, onde a família se fixara em 1874. Jornalista, arqueólogo e professor, foi amigo e colaborador de Raul Brandão. Além de poeta neo-romântico e decadentista, foi contista («Farmácia Pires», 1896), novelista («Maria do Céu», 1902), memorialista e crítico literário.
a cadência de música magoada,
tuas antigas falas, que eu ouvia
como um murmúrio de água namorada,
nunca mais as ouvi! E nasce o dia
e o dia morre, minha bem amada,
e eu vou mirrando de melancolia,
e a vida é água que se vai levada...
Volve a dizer-me o que disseste, quando
te vi partir, mais pálida que a lua,
que nos encheu de sonho e de piedade,
enquanto eu vivo, meu amor, penando,
e a minha vida corre para a tua
nesta língua de lume da saudade...
Júlio Sousa Brandão nasceu em Famalicão a 9 de Agosto de 1869 e morreu a 9 de Abril de 1947 no Porto, onde a família se fixara em 1874. Jornalista, arqueólogo e professor, foi amigo e colaborador de Raul Brandão. Além de poeta neo-romântico e decadentista, foi contista («Farmácia Pires», 1896), novelista («Maria do Céu», 1902), memorialista e crítico literário.
Soneto e Nota biobliográfica extraídos de «A Circulatura do Quadrado - Alguns dos Mais Belos Sonetos de Poetas cuja Mátria é a Língua Portuguesa. Introdução, coordenação e notas de António Ruivo Mouzinho. Edições Unicepe - Cooperativa Livreira de Estudantes do Porto, 2004.
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