Porque nasci ao pé de quatro montes... - Cândido Guerreiro
Porque nasci ao pé de quatro montes,
por onde as águas passam a cantar
as canções dos moinhos e das fontes,
ensinaram-me as águas a falar...
Eu sei a vossa língua, água das fontes...
Podeis falar comigo, águas do mar...
E ouço, à tarde, os longínquos horizontes
chorar uma saudade singular...
E, porque entendo bem aquelas mágoas
e compreendo os íntimos segredos
da voz do mar ou do rochedo mudo,
sinto-me irmão da luz, do ar, das águas,
sinto-me irmão dos íngremes penedos
e sinto que sou Deus, pois Deus é tudo...
Francisco Xavier Cândido Guerreiro nasceu em Alte (Loulé) a 3 de Dezembro de 1871 e faleceu em Lisboa a 11 de Abril de 1953. Formado em Direito pela universidade de Coimbra, em 1907, renunciou à carreira diplomática, para não se afastar do seu Algarve, e dedicou-se ao notariado, primeiro em Loulé e, depois, em Faro (1923/41). Chegou a ser presidente da Câmara Municipal de Loulé. Foi essencialmente um sonetista, filosófico, pictural e erótico, oscilante entre um misticismo vagamente panteísta e um nacionalismo retórico. O seu melhor volume de «Sonetos» foi publicado em 1916.
por onde as águas passam a cantar
as canções dos moinhos e das fontes,
ensinaram-me as águas a falar...
Eu sei a vossa língua, água das fontes...
Podeis falar comigo, águas do mar...
E ouço, à tarde, os longínquos horizontes
chorar uma saudade singular...
E, porque entendo bem aquelas mágoas
e compreendo os íntimos segredos
da voz do mar ou do rochedo mudo,
sinto-me irmão da luz, do ar, das águas,
sinto-me irmão dos íngremes penedos
e sinto que sou Deus, pois Deus é tudo...
Francisco Xavier Cândido Guerreiro nasceu em Alte (Loulé) a 3 de Dezembro de 1871 e faleceu em Lisboa a 11 de Abril de 1953. Formado em Direito pela universidade de Coimbra, em 1907, renunciou à carreira diplomática, para não se afastar do seu Algarve, e dedicou-se ao notariado, primeiro em Loulé e, depois, em Faro (1923/41). Chegou a ser presidente da Câmara Municipal de Loulé. Foi essencialmente um sonetista, filosófico, pictural e erótico, oscilante entre um misticismo vagamente panteísta e um nacionalismo retórico. O seu melhor volume de «Sonetos» foi publicado em 1916.
Soneto e Nota biobliográfica extraídos de «A Circulatura do Quadrado - Alguns dos Mais Belos Sonetos de Poetas cuja Mátria é a Língua Portuguesa. Introdução, coordenação e notas de António Ruivo Mouzinho. Edições Unicepe - Cooperativa Livreira de Estudantes do Porto, 2004.
0 comments:
Enviar um comentário