Nome muito próprio - Guilherme de Azevedo
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O seu nome é gracioso e muito próprio dela:
respira um vago tom de música inocente
e lembra a placidez de um lago transparente,
recorda a emanação tranquila de uma estrela.
Lembra um título bom, que logo nos revela
a ideia do poema. E todo o mundo sente
não sei que afinidade entre o seu ar dolente,
a sua «morbidezza», e o nome próprio dela.
E chego a acreditar – ingenuamente o digo –
que havia um nome em branco e Deus pensa consigo
em traduzi-lo, enfim, numa expressão qualquer:
de forma que a mulher suave e graciosa
faz parte deste nome um tanto cor-de-rosa
e este nome gentil faz parte da mulher.
Guilherme Avelino de Azevedo Chaves nasceu em Santarém a 30 de Novembro de 1840 e morreu de um tumor em Paris a 6 de Abril de 1882. Conhecido como o «Diabo Coxo» (devido ao seu espírito satânico e perna cambada, em consequência de um choque traumático sofrido aos 14 anos), tinha um temperamento melancólico e um feitio azedo e retraído. Como poeta, publicou «Aparições» (1867), «Radiações da Noite» (1871) e «Alma Nova» (1874). Poesia de combate, procurava ser a voz da Revolução, fé na Liberdade, Justiça e Democracia, mas, sob certos aspectos, precursora de Cesário Verde. Em 1871, aplaudiu a Comuna de Paris. Em 1874, chegou a Lisboa. Pertenceu ao Cenáculo e foi um dos promotores das Conferências do Casino. Foi colaborador literário do caricaturista Rafael Bordalo Pinheiro, nas revistas «António Maria» (1878) e «Álbum das Glórias» (1880). Nesta última data, parte para Paris, como correspondente da «Gazeta de Notícias» do Rio de Janeiro. Em Março de 1882, tem uma síncope, devida a uma úlcera gangrenosa no quadril esquerdo e morre, poucos dias depois, numa casa de saúde da capital francesa. Cronista revolucionário, não teve a sorte, como os autores d'«As Farpas» e d'«Os Gatos», de ver reunida em volume toda a sua produção jornalística.
respira um vago tom de música inocente
e lembra a placidez de um lago transparente,
recorda a emanação tranquila de uma estrela.
Lembra um título bom, que logo nos revela
a ideia do poema. E todo o mundo sente
não sei que afinidade entre o seu ar dolente,
a sua «morbidezza», e o nome próprio dela.
E chego a acreditar – ingenuamente o digo –
que havia um nome em branco e Deus pensa consigo
em traduzi-lo, enfim, numa expressão qualquer:
de forma que a mulher suave e graciosa
faz parte deste nome um tanto cor-de-rosa
e este nome gentil faz parte da mulher.
Guilherme Avelino de Azevedo Chaves nasceu em Santarém a 30 de Novembro de 1840 e morreu de um tumor em Paris a 6 de Abril de 1882. Conhecido como o «Diabo Coxo» (devido ao seu espírito satânico e perna cambada, em consequência de um choque traumático sofrido aos 14 anos), tinha um temperamento melancólico e um feitio azedo e retraído. Como poeta, publicou «Aparições» (1867), «Radiações da Noite» (1871) e «Alma Nova» (1874). Poesia de combate, procurava ser a voz da Revolução, fé na Liberdade, Justiça e Democracia, mas, sob certos aspectos, precursora de Cesário Verde. Em 1871, aplaudiu a Comuna de Paris. Em 1874, chegou a Lisboa. Pertenceu ao Cenáculo e foi um dos promotores das Conferências do Casino. Foi colaborador literário do caricaturista Rafael Bordalo Pinheiro, nas revistas «António Maria» (1878) e «Álbum das Glórias» (1880). Nesta última data, parte para Paris, como correspondente da «Gazeta de Notícias» do Rio de Janeiro. Em Março de 1882, tem uma síncope, devida a uma úlcera gangrenosa no quadril esquerdo e morre, poucos dias depois, numa casa de saúde da capital francesa. Cronista revolucionário, não teve a sorte, como os autores d'«As Farpas» e d'«Os Gatos», de ver reunida em volume toda a sua produção jornalística.
Soneto e Nota biobliográfica extraídos de «A Circulatura do Quadrado - Alguns dos Mais Belos Sonetos de Poetas cuja Mátria é a Língua Portuguesa. Introdução, coordenação e notas de António Ruivo Mouzinho. Edições Unicepe - Cooperativa Livreira de Estudantes do Porto, 2004.
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