Queda - Camilo Pessanha (que morreu faz hoje 82 anos)
(A João P. Vasco)
O meu coração desce,
Um balão apagado.
Melhor fora que ardesse
Nas trevas incendiado.
Na bruma fastidienta...
Como á cova um caixão.
Porque antes não rebenta
Rubro, n'uma explosão?
Que apego inda o sustem?
Atono, miserando.
Que o esmagasse o trem
De um comboio arquejando.
O inane, vil despojo.
Ó alma egoísta e fraca...
Trouxesse-o o mar de rojo.
Levasse-o na ressaca.
Camilo Almeida Pessanha (n. Coimbra, 7 de Set. de 1867 — m. em Macau, 1º de Março de 1926)
Ler neste blog, do mesmo autor, Caminho Pessanha, os seguintes poemas:
Estátua
Foi um dia de inúteis agonias
Quem poluiu quem rasgou os meus lençois de linho
Floriram por engano as rosas bravas
Interrogação
Caminho
Ao longe os barcos de flores
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