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2008-03-01

Queda - Camilo Pessanha (que morreu faz hoje 82 anos)


(A João P. Vasco)

O meu coração desce,
Um balão apagado.

Melhor fora que ardesse
Nas trevas incendiado.

Na bruma fastidienta...
Como á cova um caixão.

Porque antes não rebenta
Rubro, n'uma explosão?

Que apego inda o sustem?
Atono, miserando.

Que o esmagasse o trem
De um comboio arquejando.

O inane, vil despojo.
Ó alma egoísta e fraca...

Trouxesse-o o mar de rojo.
Levasse-o na ressaca.

Camilo Almeida Pessanha (n. Coimbra, 7 de Set. de 1867 — m. em Macau, 1º de Março de 1926)

Ler neste blog, do mesmo autor, Caminho Pessanha, os seguintes poemas:
Estátua
Foi um dia de inúteis agonias
Quem poluiu quem rasgou os meus lençois de linho
Floriram por engano as rosas bravas
Interrogação
Caminho
Ao longe os barcos de flores


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