Por tanto tempo - Olavo Bilac
Por tanto tempo, desvairado e aflito,
Fitei naquela noite o firmamento,
Que inda hoje mesmo, quando acaso o fito,
Tudo aquilo me vem ao pensamento.
Sal, no peito o derradeiro grito
Calcando a custo, sem chorar, violento...
E o céu fulgia plácido e infinito,
E havia um choro no rumor do vento...
Piedoso céu, que a minha dor sentiste!
A áurea esfera da lua o ocaso entrava.
Rompendo as leves nuvens transparentes;
E sobre mim, silenciosa e triste,
A via-láctea se desenrolava
Como um jorro de lágrimas ardentes.
Olavo Braz Martins dos Guimarães Bilac (n. no Rio de Janeiro em 16 Dez 1865; m. 28 Dez 1918 )
Ler do mesmo autor, neste blog:
Nel Mezzo del Camin
Via Láctea
Delírio
Um beijo
Ao coração que sofre
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