Soneto - E. E. Cummings
Não será sempre assim... Quando não for;
Quando teus lábios forem de outro; quando
No rosto de outro o teu suspiro brando
Soprar; quando em silêncio, ou no maior
Delírio de palavras desvairando,
Ao teu peito o estreitares com fervor;
Quando, um dia, em frieza e desamor
Tua afeição por mim se for trocando:
Se tal acontecer; fala-me. Irei
Procurá-lo, dizer-lhe num sorriso:
«Goza a ventura de que já gozei.»
Depois, desviando os olhos, de improviso,
Longe, ah tão longe, um pássaro ouvirei
Cantar no meu perdido paraíso.
(Tradução de Manuel Bandeira)
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