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2007-08-28

O Pescador - Goethe

foto Jardim da Sereia (Coimbra)

A água espumava, a água subia,
Junto dela, o pescador
Tranquilo a sua linha seguia,
De coração sem temor.
E assim sentado, assim a olhar,
Vê a onda crescer e abrir;
E sai da agitação do mar
Uma donzela a escorrer.

E ela cantou, e ela falou:
«Porque atrais a minha prole
Com a tua astúcia e o engenho teu,
Para o calor mortal do Sol?
Se fosses peixe saberias
Como no fundo se está bem,
E assim como estás mergulharias,
E salvavas-te enfim.

Não se deleita o Sol no mar,
E a Lua? É vê-los
Voltarem depois ao respirar
As ondas, bem mais belos!
Não sentes a atracção do céu,
Do húmido azul transfigurado?
E não te atrai o rosto teu
Para aqui, eterno e orvalhado?»

A água espumava, a água subia,
Já os pés lhe molhava,
Já o coração ansiava.
E ela falou, e ela cantou,
Ele não resistiu:
Atrai-o ela, ele se afundou,
E ninguém mais o viu.

Tradução de João Barrento

Johann Wolfgang von Goethe (n. em Frankfurt em 28 Ago 1749 in Frankfurt; m. em Weimar, Saxe-Weimar-Eisenach a 22 Mar 1832)


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