No ermo da mata o som da trompa ecoa... - Paul Verlaine
No ermo da mata o som da trompa ecoa,
Vem expirar embaixo da colina.
E uma dor de orfandade se imagina
Na brisa, que em labridos erra à toa.
A alma do lobo nessa voz ressoa...
Enche os vales e o céu, baixa à campina,
Numa agonia que à ternura inclina
E que tanto seduz quanto magoa.
Para tornar mais suave esse lamento,
Através do crepúsculo sangrento,
Como linho desfeito a neve cai.
Tão brando é o ar da tarde, que parece
Um suspiro do outono. E a noite desce
Sobre a paisagem lenta que se esvai.
(Tradução de Manuel Bandeira)
Paul-Marie Verlaine (n. em Metz, França, em 30 de Março de 1844; m. Paris 8 Jan. 1896)
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