Ver num grão de areia um mundo - William Blake
Ver num grão de areia um mundo
numa flor um céu profundo;
ter na mão a infinidade,
num minuto a eternidade...
O morcego que volita
pela noite, esse acredita;
mas a coruja que grita,
porque não crê anda aflita...
Olha a dor: é um tecido
com a alegria: um vestido
para a alma. Sob a dor
sempre a alegria anda à flor...
Cada lágrima chorada
Torna-se em criança alada...
Balir, uivar - que sei eu?
ondas a bater no céu...
Quem duvida do que vê,
Por mais que faça, não crê,
Olha o sol, se duvidava:
Logo, logo se apagava...
Deus é clarão na amargura
das almas da noite escura;
Veste o manto de Jesus
para as que vivem à luz.
William Blake (b. London, 28 Nov 1757; d. London, 12 Aug 1827).
Trad. de Luiz Cardim, in Rosa do Mundo - 2001 Poemas para o futuro, Assírio & Alvim.
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