O Acendedor de Lampiões - Jorge de Lima
Este mesmo que vem infatigavelmente,
Parodiar o sol e associar-se à lua
Quando a sombra da noite enegrece o poente!
Um, dois, três lampiões, acende e continua
Outros mais a acender imperturbavelmente,
À medida que a noite aos poucos se acentua
E a palidez da lua apenas se pressente.
Triste ironia atroz que o senso humano irrita: —
Ele que doira a noite e ilumina a cidade,
Talvez não tenha luz na choupana em que habita.
Tanta gente também nos outros insinua
Crenças, religiões, amor, felicidade,
Como este acendedor de lampiões da rua
Jorge Matheus de Lima (n. em União de Palmares, Alagoas a 23 Abr 1893, m. no Rio de Janeiro a 15 Nov 1953)
2 comments:
Anónimo
disse...
Está sendo muito feliz reler, reviver as poesias de Jorge de Lima, que fizeram parte de minha infância. Meu avô, Isaac Amaral, era um abolicionista cearense. Na festa de seu centenário declamei-"ESSA NEGRA FULÔ", e, em outras ocasiões "O acendedor de lampião"" Como num passo de mágica essas poesias, somadas a "MEUS OITO ANOS " de Casemiro de Abreu levaram-me a uma viagem ao passado, a um passado de sonhos
Obrigada. Estou feliz e emocionada.
Elza Maria Amaral Vieira da Silva
Fernando
disse...
Pena não ter deixado contacto para agradecer-lhe o comentário. A poesia tem este condão de emocionar as pessoas. Os poetas são os arquitectos das palavras e dos sentimentos. E ao reler algum poema que conhecemos em certo tempo, em determinadas circunstâncias ... retornamos a esse tempo, a essas circunstâncias. É a vida...
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