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2006-09-04

Soneto Decadente - Medeiros e Albuquerque

Morria rubro o sol e mansa, mansamente...
sombras baixando em flocos, lentas, pelo espaço...
Um morrer pungitivo e calmo de inocente:
doces, as ilusões fanadas no regaço.

Passa um cicio leve e suave... Num traço,
ave rápida passa súbita e tremente...
A tristeza, que vem, cinge como um baraço
a garganta: o soluço estaca ali fremente...

Lembranças de pesar... Navio que na curva
do mar, de água pesada e funda e escura e turva,
some-se de vagar das ondas ao rumor...

Ó crepúsculos sós! os exilados sentem
a angústia sem igual de amantes que pressentem
o derradeiro adeus do derradeiro amor!

José Joaquim de Campos da Costa Medeiros e Albuquerque (n. em Recife, PE, em 4 de Setembro de 1867, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 9 de Junho de 1934).


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