Celeste - Adelino Fontoura
É tão divina a angélica aparência
E a graça que ilumina o rosto dela,
Que eu concebera o tipo da inocência
Nessa criança imaculada e bela.
Peregrina do céu, pálida estrela,
Exilada da etérea transparência,
Sua origem não pode ser aquela
Da nossa triste e mísera existência.
Tem a celeste e ingénua formosura
E a luminosa auréola sacrossanta
De uma visão do céu, cândida e pura.
E quando os olhos para o céu levanta,
Inundados de mística doçura,
Nem parece mulher — parece santa.
in A Circulatura do Quadrado - Alguns dos Mais Belos Sonetos de Poetas cuja Mátria é a Língua Portuguesa ; Unicepe 2004
Adelino Fontoura Chaves (n. 3 Março 1859 em Axixá, Maranhão, Brasil; m. em Lisboa, 2 Maio 1844)
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