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2006-03-03

Celeste - Adelino Fontoura

É tão divina a angélica aparência
E a graça que ilumina o rosto dela,
Que eu concebera o tipo da inocência
Nessa criança imaculada e bela.

Peregrina do céu, pálida estrela,
Exilada da etérea transparência,
Sua origem não pode ser aquela
Da nossa triste e mísera existência.

Tem a celeste e ingénua formosura
E a luminosa auréola sacrossanta
De uma visão do céu, cândida e pura.

E quando os olhos para o céu levanta,
Inundados de mística doçura,
Nem parece mulher — parece santa.

in A Circulatura do Quadrado - Alguns dos Mais Belos Sonetos de Poetas cuja Mátria é a Língua Portuguesa ; Unicepe 2004

Adelino Fontoura Chaves (n. 3 Março 1859 em Axixá, Maranhão, Brasil; m. em Lisboa, 2 Maio 1844)


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