Pastoral - António Sardinha
Todos os dias quando morre o dia,
Pões-te a chamar os patos para os contar;
E os patos, conhecendo quem os cria,
Vêm para ti de longe a esvoaçar
e logo te acompanham. Que alegria
anima o teu rebanho singular!
Parece ser dum conto que eu ouvia,
-«Era uma vez...» - , à gente do meu lar.
«Filha de rei, com iras de criança,
guardando patos na ribeira mansa,
foi coisa de pasmar que nunca vi!»
Pois é a história da princesa loura
Que tu me fazes recordar, Senhora,
Assim com essa corte ao pé de ti!
in A Circulatura do Quadrado: Alguns dos Mais Belos Sonetos de Poetas cuja Mátria é a Língua Portuguesa , Edição UNICEPE, 2004
António Maria de Sousa Sardinha (n. Monforte, 9 de setembro de 1888; m. Elvas, em 10 de janeiro de 1925)
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