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2005-12-28

Palavras - Olavo Bilac

As palavras do amor expiram como os versos,
Com que adoço a amargura e embalo o pensamento:
Vagos clarões, vapor de perfumes dispersos,
Vidas que não têm vida, existências que invento;

Esplendor cedo morto, ânsia breve, universos
De pó, que o sopro espalha ao torvelim do vento,
Raios de sol, no oceano entre as águas imersos
-As palavras da fé vivem num só momento...

Mas as palavras más, as do ódio e do despeito,
O "não!" que desengana, o "nunca!" que alucina,
E as do aleive, em baldões, e as da mofa, em risadas,

Abrasam-nos o ouvido e entram-nos pelo peito:
Ficam no coração, numa inércia assassina,
Imóveis e imortais, como pedras geladas.

Olavo Braz Martins dos Guimarães Bilac (n. no Rio de Janeiro em 16 Dez 1865; m. 28 Dez 1918 )
Ler do mesmo autor, neste blog:
Ouvir estrelas
Delírio
Um beijo
Ao coração que sofre


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