Mãe - Hermes Fontes
Mary Cassat (1844-1926): Mother and Child against a Green Background (Maternity) 1897 (40 Kb); pastel on beige paper mounted on canvas; Musee d'Orsay, Paris
Para dizer quem foi a minha mãe, não acho
Uma palavra própria, um pensamento bom
Diógenes — busco-o em vão; falta-me a luz de um facho
— Se acho som, falta a luz; se acho luz, falta o som!
Teu nome — ó minha mãe — tem o sabor de um cacho
De uvas diáfanas, cor de ouro e pérola, com
Polpa de beijos de anjo... ouvi-lo é ouvir um sacho
Merencóreo, a rezar, no seu eterno tom...
Minha mãe! Minha mãe! Eu não fui qual devera.
Morreste e eu não bebi nos teus lábios de cera
A doçura que as mães, ainda mortas, contêm...
Ao pé de nossas mães — todos nós somos crentes...
Um filho que tem mãe — tem todos os parentes...
— E eu não tenho por mim, ó minha mãe, ninguém!
Hermes Fontes (n. em Boquim, Sergipe, a 28 de Agosto de 1888 e suicidou-se no Rio de Janeiro a 25 de Dezembro de 1930).
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