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2005-11-14

Como esses bois que andam... - Alberto Bramão

Como esses bois que andam puxando às noras,
em passo melancólico e ronceiro,
sem alterar a marcha do ponteiro,
o meu relógio vai marcando as horas

Quer no céu brilhem rútilas auroras
ou caia e morra o sol no mar fragueiro,
o tempo segue o curso rotineiro,
sem paragens, sem pressas ou demoras.

Somente quando o nosso olhar enxuto
tem clarões de ventura fugidia,
cada hora é mais curta que um minuto...

Mas, nas horas de dor ou desengano,
cada minuto dura mais que um dia
e cada dia dura mais que um ano!

D. Alberto Allen Pereira de Sequeira Bramão (n. Almada, Nov. 1865; m. Lisboa, 14 Nov 1944)

in A Circulatura do Quadrado - Alguns dos Mais Belos Sonetos de Poetas cuja Mátria é a Língua Portuguesa- 2004 Edição Unicepe-Cooperativa Livreira de Estudantes do Porto, CRL.


1 comments:








Anónimo

disse...

Um belo soneto de um autor que desconhecia. Gostei do blog. Vou passar a visitá-lo com regularidade. Jorge Soares