Falavam-me de amor - Natália Correia
Quando um ramo de doze badaladas
se espalhava nos móveis e tu vinhas
solstício de mel pelas escadas
de um sentimento com nozes e com pinhas,
menino eras de lenha e crepitavas
porque do fogo o nome antigo tinhas
e em sua eternidade colocavas
o que a infância pedia às andorinhas.
Depois nas folhas secas te envolvias
de trezentos e muitos lerdos dias
e eras um sol na sombra flagelado.
O fel que por nós bebes te liberta
e no manso natal que te conserta
só tu ficaste a ti acostumado.
Natália Correia (n. 13 Set 1923; m. 16 Mar 1993)
O Dilúvio e a Pomba
Lisboa, Publicações D. Quixote, 1979
Ver /ler da mesma autora, neste blog:
Creio nos anjos que andam pelo mundo
Queixa das almas jovens censuradas
Poema destinado a haver domingo
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