Soneto - Angelo de Lima
Pára-me de repente o pensamento
Como que de repente refreado
Na doida correria em que levado
Ia em busca da paz, do esquecimento...
Pára surpreso, escrutador, atento,
Como pára um cavalo alucinado
Ante um abismo súbito rasgado...
Pára e fica e demora-se um momento.
Pára e fica na doida correria...
Pára à beira do abismo e se demora
E mergulha na noite escura e fria
Um olhar de aço que essa noite explora...
Mas a espora da dor seu flanco estria
E ele galga e prossegue sob a espora.
Do livro: "Líricas Portuguesas", seleção, prefácio e notas de Cabral do Nascimento, Portugália Editora, 1945, Portugal
Ângelo de Lima (n. Porto 31 Jul 1872; m. Lisboa 14 Ago 1921)
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