Comunidade Blogueira - Meu (minha) amigo(a) secreto(a)
ANJINHA MILA foi a minha amiga secreta neste Concurso iniciativa da Comunidade Blogueira . Dá bem para ver que eu não tenho jeito para isto. Sei que você tem um blog bem legal e espero que tenha sucesso nos estudos e também no blog, por que não?
E como sei que gosta de poesia e é jovem deve gostar de andar de lambreta (mota) dedico-lhe este poema de António Gedeão (bem sei que se chama Camila e não Leonor ... mas achei preferível não alterar o poema).
E como sei que gosta de poesia e é jovem deve gostar de andar de lambreta (mota) dedico-lhe este poema de António Gedeão (bem sei que se chama Camila e não Leonor ... mas achei preferível não alterar o poema).
Poema da Auto - Estrada
Voando vai para a praia
Leonor na estrada preta
Vai na brasa de lambreta.
Leva calções de pirata,
Vermelho de alizarina
modelando a coxa fina
de impaciente nervura.
Como guache lustroso,
amarelo de indantreno
blusinha de terileno
desfraldada na cintura.
Fuge, fuge, Leonoreta.
Vai na brasa de lambreta.
Agarrada ao companheiro
na volúpia da escapada
pincha no banco traseiro
em cada volta da estrada.
Grita de medo fingido,
que o receio não é com ela,
mas por amor e cautela
abraça-o pelo cintura.
Vai ditosa, e bem segura.
Como rasgão na paisagem
corta a lambreta afiada,
engole as bermas da estrada
e a rumorosa folhagem.
Urrando, estremece a terra,
bramir de rinoceronte,
enfia pelo horizonte
como um punhal que enterra.
Tudo foge à sua volta,
o céu, as núvens, as casas,
e com os bramidos que solta
lembra um demónio com asas.
Na confusão dos sentidos
já nem percebe, Leonor,
se o que lhe chega aos ouvidos
são ecos de amor perdidos
se os rugidos do motor.
Fuge, fuge, Leonoreta
Vai na brasa de lambreta.
in "Máquina de Fogo", 1961
António Gedeão
Voando vai para a praia
Leonor na estrada preta
Vai na brasa de lambreta.
Leva calções de pirata,
Vermelho de alizarina
modelando a coxa fina
de impaciente nervura.
Como guache lustroso,
amarelo de indantreno
blusinha de terileno
desfraldada na cintura.
Fuge, fuge, Leonoreta.
Vai na brasa de lambreta.
Agarrada ao companheiro
na volúpia da escapada
pincha no banco traseiro
em cada volta da estrada.
Grita de medo fingido,
que o receio não é com ela,
mas por amor e cautela
abraça-o pelo cintura.
Vai ditosa, e bem segura.
Como rasgão na paisagem
corta a lambreta afiada,
engole as bermas da estrada
e a rumorosa folhagem.
Urrando, estremece a terra,
bramir de rinoceronte,
enfia pelo horizonte
como um punhal que enterra.
Tudo foge à sua volta,
o céu, as núvens, as casas,
e com os bramidos que solta
lembra um demónio com asas.
Na confusão dos sentidos
já nem percebe, Leonor,
se o que lhe chega aos ouvidos
são ecos de amor perdidos
se os rugidos do motor.
Fuge, fuge, Leonoreta
Vai na brasa de lambreta.
in "Máquina de Fogo", 1961
António Gedeão
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