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2021-07-08

O QUE EU VI - Manuel de Arriaga


Saí um dia a contemplar o mundo,
Por ver quanto há de belo e quanto brilha
Na múltipla e gloriosa maravilha,
Que anda suspensa em o azul profundo!

Vi montes, vales, árvores e flores,
Límpidas águas, múrmuras torrentes,
Do grande mar as músicas plangentes,
Dos céus sem fim os trémulos fulgores!

Trouxe os olhos tão ricos de beleza,
O coração tão cheio de harmonia,
De quanto havia em terra, mar e céus,

Que interpretando a sós a Natureza:
Dentro de mim esplêndido fulgia,
Num circulo de luz, teu nome, oh Deus!

in CANTOS SAGRADOS, Manoel Gomes Editor, LISBOA, 1899

Nota: A ortografia foi atualizada pelo autor do blog


Manuel José de Arriaga Brum da Silveira e Peyrelongue (Horta, Matriz, 8 de julho de 1840 — Lisboa, 5 de março de 1917).

Manuel de Arriaga, a 24 de agosto de 1911, tornou-se no primeiro presidente eleito da República Portuguesa, sucedendo na chefia do Estado ao Governo Provisório presidido por Teófilo Braga.

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2021-06-17

JONAS - JACARANDÁ

Mais um fadista emergente... Vão ouvir falar dele!

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2021-06-15

Aconteceu-me - Almada Negreiros

Eu vinha de comprar fósforos
e uns olhos de mulher feita
olhos de menos idade que a sua
não deixavam acender-me o cigarro.
Eu era eureka para aqueles olhos.
Entre mim e ela passava gente como se não passasse
e ela não podia ficar parada
nem eu vê-la sumir-se.
Retive a sua silhueta
para não perder-me daqueles olhos que me levavam espetado
E eu tenho visto olhos!
Mas nenhuns que me vissem
nenhuns para quem eu fosse um achado existir
para quem eu lhes acertasse lá na sua ideia
olhos como agulhas de despertar
como íman de atrair-me vivo
olhos para mim!
Quando havia mais luz
a luz tornava-me quase real o seu corpo
e apagavam-se-me os seus olhos
o mistério suspenso por um cabelo
pelo hábito deste real injusto
tinha de pôr mais distância entre ela e mim
para acender outra vez aqueles olhos
que talvez não fossem como eu os vi
e ainda que o não fossem, que importa?
Vi o mistério!
Obrigado a ti mulher que não conheço.


in Poemas Portugueses Antologia da Poesia portuguesa do Séc. XIII ao Séc. XXI; selecção, organização, introdução e notas de Jorge Reis-Sá e Rui Lage, Porto Editora

José Sobral de Almada Negreiros (n. em S. Tomé e Príncipe a 7 de abril de 1893; m. em Lisboa, a 15 de junho de 1970)

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2021-06-03

Caetano Veloso - Você não me ensinou a te esquecer

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2021-05-05

INTERMÉDIO - Luís Amaro


Alguém que se ignora
Passeia a sua mágoa
Lá pela noite fora.
Já sem saber se existe,
Entre silêncio e treva,
Nem alegre nem triste,
Alguém que a própria sorte
Enjeita, vai absorto
Num sonho que é a morte
E é vida — sendo morto.

(in Antologia de Poetas Alentejanos)


De Luís Amaro é também exte excerto:

Quando vier a tristeza, 
Faz que ela tenha uma grandeza. 
Quando vier a rara alegria, 
Faz que ela seja pura
como a luz do dia.


Francisco Luís Amaro nasceu em Aljustrel em 5 de maio de 1923 e faleceu em Lisboa a 24 de agosto de 2018

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