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2011-04-30

LÁ NO ÁGUA GRANDE - Alda Graça

Lagoa Azul, S. Tomé - imagem daqui

Lá no "Água Grande" a caminho da roça
negritas batem que batem co'a roupa na pedra.
Batem e cantam modinhas da terra.

Cantam e riem em riso de mofa
histórias contadas, arrastadas pelo vento.

Riem alto de rijo, com a roupa na pedra
e põem de branco a roupa lavada.

As crianças brincam e a água canta.
Brincam na água felizes...
Velam no capim um negrito pequenino.

E os gemidos cantados das negritas lá do rio
ficam mudos lá na hora do regresso...
Jazem quedos no regresso para a roça.


in É Nosso o Solo Sagrada da Terra, 1978, Lisboa, Ulmeiro

Alda Neves da Graça do Espirito Santo, nasceu em 30 de Abril de 1926 na cidade de São Tomé, São Tomé e Príncipe e faleceu em Luanda, Angola, no dia 9 de Março de 2010.

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2011-04-29

Pedro Lembrando Inês - Nuno Júdice

Em quem pensar, agora, senão em ti? Tu, que
me esvaziaste de coisas incertas, e trouxeste a
manhã da minha noite. É verdade que te podia
dizer: "Como é mais fácil deixar que as coisas
não mudem, sermos o que sempre fomos, mudarmos
apenas dentro de nós próprios?" Mas ensinaste-me
a sermos dois; e a ser contigo aquilo que sou,
até sermos um apenas no amor que nos une,
contra a solidão que nos divide. Mas é isto o amor:
ver-te mesmo quando te não vejo, ouvir a tua
voz que abre as fontes de todos os rios, mesmo
esse que mal corria quando por ele passámos,
subindo a margem em que descobri o sentido
de irmos contra o tempo, para ganhar o tempo
que o tempo nos rouba. Como gosto, meu amor,
de chegar antes de ti para te ver chegar:
com a surpresa dos teus cabelos, e o teu rosto de água
fresca que eu bebo, com esta sede que não passa.
Tu: a primavera luminosa da minha expectativa,
a mais certa certeza de que gosto de ti, como
gostas de mim, até ao fim do mundo que me deste.


in Poemas Portugueses Antologia da Poesia Portuguesa do Séc. XIII ao Séc. XXI; selecção, organização, introdução e notas de Jorge Reis-Sá e Rui Lage; Porto Editora

Nuno Júdice nasceu em Mexilhoeira Grande, Portimão a 29 de Abril de 1949

Ler do mesmo autor, neste blog: Equinócio; Carpe diem

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A cidade - Konstantinos Kaváfis

Tu dizias: "Irei para outras terras, outros mares
em busca de cidade melhor do que esta.
Aqui, todos os meus esforços são natimortos.
Meu coração – amortalhado – aqui se enterrou.
Por quanto tempo minha alma permanecerá no abandono?
Para onde meus olhos se voltem, até onde a vista alcança,
vejo os negros escombros de minha vida,
que vivi, estraguei, destruí aqui".

Não encontrarás outras terras nem outros mares.
A cidade te seguirá. E nas mesmas ruas sem fim
errarás, nos mesmos bairros te perderás,
e nas mesmas moradas teus cabelos embranquecerão.
Onde quer que vás reencontrarás esta cidade.
Para ti nenhum barco, nenhum caminho alhures te levará.
estragastes a vida em toda parte, pelo mundo inteiro,
e mesmo aqui, nesta mínima pátria.


Tradução: Priscila Manhães; poema extraído daqui

Konstantínos Kaváfis (Κωνσταντίνος Πέτρου Καβάφης) nasceu em Alexandria, 29 de abril de 1863 — m. Alexandria, 29 de abril de 1933

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Liga Europa: Benfica com vantagem mínima. Porto com goleada

Benfica

2-1

Braga


Golo bracarense deixa tudo em aberto...

O Benfica em níveis físicos e psicológicos (após a derrota caseira e eliminação na meia-final da Taça de Portugal frente ao Porto) dava motivos de desconfiança aos adeptos, mas ainda assim estiveram na Luz mais de 57 mil pessoas.

Na verdade quem entrou mais nervoso em campo foi o Braga e a equipa encarnada a jogar em velocidade teve o domínio de jogo nos primeiros vinte minutos apesar do Braga, logo aos 3', ter criado perigo através dum remate de Sílvio à entrada da área, que saiu ligeiramente ao lado. Este lance sucedeu a um outro logo aos 20 segundos do jogo em que a pressão alta de Cardozo obrigou Paulão a alívio aflito que saiu por cima da própria baliza cedendo pontapé de canto.

Com o decorrer do tempo o Braga foi equilibrando mais o jogo mas foi evidente que as "despesas" do mesmo pertenciam aos encarnados.

A superioridade encarnada durante esta primeira parte materializou-se apenas nos três cartões amarelos que os bracarenses viram (Rodriguez, Vandinho - que o retira do jogo da segunda mão - e Miguel Garcia) uma vez que na vez em que a bola entrou na baliza bracarense Cardozo estava em posição de fora de jogo quando fez a recarga a uma defesa incompleta de Artur (11') e perto do final da primeira parte, o mesmo Cardozo solicitado por passe de Aimar isolar-se-ia ma tanto quis colocar a bola que enviou-a ao poste da baliza de Artur.

Do lado do Braga algumas fugidas com erros do assistente a deixar passar dois foras de jogo e ao assinalar um outro indevido em lances que originaram ou podia originar) perigo relevante para a baliza encarnada.

Logo no recomeço da segunda parte Roberto defende para a frente um remate denunciado e Meyong na recarga desperdiçou o golo, mas o lance também já não valia por fora de jogo do avançado bracarense. Aos 50' o Benfica chegou à vantagem no marcador após uma jogada excelente de Maxi Pereira pelo lado direito a centrar para uma cabeçada de Cardozo à barra mas com Jardel na recarga a ganhar o ressalto e a enfiar a bola para dentro da baliza. Esperar-se-ia alguma alteração táctica no Braga para responder à desvantagem mas nem sequer isso foi necessário. Aimar cortara em falta - e viu por isso um cartão amarelo que também o afasta do jogo da segunda mão - e na marcação do livre por Hugo Viana para a entrada da área apareceu, numa linha ainda muito anterior à aglomeração geral de jogadores na área encarnada, a rematar de cabeça igualando a partida com Roberto a não sair ileso de culpas uma vez que o remate é feito de grande distância da baliza.

Nesta altura o empate constituía um resultado lisonjeiro para o Braga (que não desfrutou de nenhum pontapé de canto durante todo o jogo face a nove do Benfica) e os adeptos encarnados viam a moral baixar até pela expectativa de baixa previsível dos índices físicos dos encarnados. A entrada de Custódio para as saída de Meyong era bem o reflexo da satisfação do resultado para Domingos mas a igualdade durou, também, pouco tempo, uma vez que na marcação de um livre directo Cardozo (que já acertara por duas vezes com a bola nos ferros da baliza) acertou na baliza recolocando o Benfica a ganhar aos 59'. Foi então altura de Domingos fazer entrar Mossoró prescindindo de Hugo Viana (uma vez que entrara pouco antes outro médio defensivo Custódio). Jesus respondeu com a entrada de dois alas: Gaitán e Jara na tentativa de forçar ainda o 3-1 mas estes jogadores não entraram muito bem no jogo e aumentou a fragilidade do Benfica no meio-campo defensivo onde as poucas iniciativas bracarenses nasciam de bolas perdidas pelos homens da casa.

Nos últimos dez minutos foi unânime o binómio contraditório de relativa satisfação por parte dos técnico de ambas as equipas (Domingos fez entrar o defesa central Kaká, tirando o avançado Lima e Jesus percebendo o défice físico de Saviola - e nessa altura também de Aimar que foi um dos melhores - procurou recuperar alguma consistência na intermediária fazendo entrar Airton saindo Saviola), face à insatisfação relativa dos adeptos por tudo ficar adiado: os encarnados com vantagem mas mínima, os bracarenses por terem de recuperar um resultado ainda que em casa e ter feito pouco para tentar o empate.

A arbitragem não foi portuguesa e isso já constitui uma grande ajuda mas estes árbitros escoceses, não cometendo erros clamorosos, com critério mais amplo na análise das faltas, estiveram longe de comportamento exemplar.

Na outra meia-final o Porto que estava a perder ao intervalo por 1-0 teve um início da segunda parte salvador: os espanhóis perderam a oportunidade do 0-2 e logo a seguir um penalty inexistente deu o 1-1 a Falcao. Este avançado colombiano esteve em noite inspirada e foi o protagonista de uma reviravolta sensacional ao apontar quatro golos (o outro foi de Guarín), colocando o Porto na final de Dublin. Uma final inédita entre duas equipas portuguesas!


Estádio da Luz; 57.792 espectadores
Árbitro: Craig Thomson (SCO)

Benfica: Roberto; Maxi Pereira, Luisão, Jardel e Fábio Coentrão; Carlos Martins (Jara 65'), Javi Garcia, Aimar e César Peixoto (Gaitán 65'); Saviola (Airton 86') e Cardozo.

SC Braga: Artur Moraes; Miguel Garcia, Rodriguez, Paulão e Sílvio; Leandro Salino, Vandinho e Hugo Viana (Mossoró 62'); Alan, Lima (Káká 84') e Meyong (Custódio 55')

Golos: 1-0 Jardel 50'; 1-1 Vandinho 53'; 2-1 Cardozo 59'

Disciplina: 6' Cartão Amarelo para Rodríguez (SC Braga).
39' Cartão Amarelo para Vandinho (SC Braga).
43' Cartão Amarelo para Miguel Garcia (SC Braga).

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2011-04-28

A Alma dos Vinte Anos - Alberto de Oliveira

Self-portrait - Francis Bacon (daqui)
Francis Bacon (Dublin b. 28 Oct. 1909 – d. Madrid, 28 April 1992)

A alma dos meus vinte anos noutro dia
Senti volver-me ao peito, e pondo fora
A outra, a enferma, que lá dentro mora,
Ria em meus lábios, em meus olhos ria.

Achava-me ao teu lado então, Luzia,
E da idade que tens na mesma aurora;
A tudo o que já fui, tornava agora,
Tudo o que ora não sou, me renascia.

Ressenti da paixão primeira e ardente
A febre, ressurgiu-me o amor antigo
Com os seus desvarios e com os seus enganos...

Mas ah! quando te foste, novamente
A alma de hoje tornou a ser comigo,
E foi contigo a alma dos meus vinte anos.

poema extraído daqui

Antônio Mariano Alberto de Oliveira (n. em Palmital de Saquarema, RJ, em 28 de Abril de 1857, e faleceu em Niterói, RJ, em 19 de Janeiro de 1937).

Ler do mesmo autor, neste blog:
Vaso Chinês
Beijos do Céu
Aspiração
Horas Mortas

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O sentimento (comum) nas próximas eleições


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Happy Birthday Jessica Alba







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2011-04-27

Quero tanto aos olhos teus - Manuel de Almeida

Quero tanto aos olhos teus
Como o céu quer às estrelas
Adoro essa feições belas
Como um crente adora Deus

Desde a hora em que te vi
Minh'alma anda presa à tua
Como eu ando atrás de ti
Anda o sol atrás da lua

Se um dia o sol se apagar
No infinito dos céus
Quero a luz do teu olhar
E o calor dos lábios teus

Por te querer tanto, afinal
Ando triste, a perguntar
Como é possível gostar
De quem nos faz tanto mal


Letra de Manuel de Almeida /Música de José Lopes (fado lopes)

Manuel Ferreira de Almeida nasceu em Lisboa a 27 Abril de 1922 - faleceu em Cascais a 3 Dezembro de 1995)

Quero tanto aos olhos teus

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ASPIRAÇÃO - Cassiano Nunes

foto daqui


A noite extraordinária em que vieres,
desabe um poderoso temporal...
Tensos, tácteis,
nos descobriremos
na praia escura da nudez.
No claro desafogo da madrugada,
o tamborilar da chuva
nos oferecerá seu jubiloso ritmo
e, à melodia líquida das calhas,
eu possa, com os olhos ardentes,
contemplar, na penumbra aconchegante,
teu corpo luminoso.


Poema extraído daqui

Cassiano Nunes Botica (nasceu em Santos, São Paulo a 27 de abril de 1921 - m. 15 de Outubro 2007).

Ler do mesmo autor, neste blog: Blue

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2011-04-26

Fim - Mário de Sá-Carneiro


- Quando eu morrer batam em latas,
Rompam aos saltos e aos pinotes...
Façam estalar no ar chicotes,
Chamem palhaços e acrobatas.

Que o meu caixão vá sobre um burro
Ajaezado à andaluza...
A um morto nada se recusa,
E eu quero por força ir de burro.

Extraído de «Poemas Completos, Mário Sá-Carneiro, edição Fernando Cabral Martins, Assírio & Alvim

Mário de Sá-Carneiro (n. Lisboa, 19 de Maio de 1890; m. em Paris, 26 de Abril de 1916 - suicídio).

Ler do mesmo autor neste blog:
A Queda
Último Soneto
IX - Como eu não possuo
A Inegualável
Escavação
Ápice
Além-Tédio
Quasi
Dispersão
I lost myself within myself... (tradução parcial do poema Dispersão)

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2011-04-25

Madrigal - Torquato Tasso

Qual orvalho, ou qual pranto,
que lágrimas aquelas
que vi correrem do nocturno manto
e do luzente rosto das estrelas?
E por que semeou a branca lua
nuvens negras de gotas cristalinas
à relva das colinas?
Por que na noite escura
se ouviram, como gritos, mundo afora
caçar o vento a aurora?
Foram sinais, talvez, de que partiste
e eu, mudo, fiquei triste?


Trad. Érico Nogueira daqui

Torquato Tasso (n. Sorrento, 11 de março de 1544 — m. Roma, 25 de abril de 1595)

Ler do mesmo autor, neste blog: Vida da minha vida

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2011-04-24

Happy Easter / Páscoa Feliz / Gesseënde Paasfees / Buona Pasqua / God Paske / Joyeuses Pâques / Hyvää Pääsiäistä / Felican Paskon / Paşte Fericit


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2011-04-23

Sonnet XVIII / Soneto XVIII - William Shakespeare

Shall I compare thee to a summer's day?
Thou art more lovely and more temperate;
Rough winds do shake the darling buds of May,
And summer's lease hath all too short a date;
Sometime too hot the eye of heaven shines,
And often is his gold complexion dimm'd;
And every fair from fair sometime declines,
By chance or nature's changing course untrimm'd;
But thy eternal summer shall not fade,
Nor lose possession of that fair thou ow'st;
Nor shall Death brag thou wander'st in his shade,
When in eternal lines to time thou grow'st:
So long as men can breathe or eyes can see,
So long lives this, and this gives life to thee.


Versão em Português

Comparar-te a um dia de verão?
Há mais ternura em ti, ainda assim:
um maio em flor às mãos do furacão,
o foral do verão que chega ao fim.
Por vezes brilha ardendo o olhar do céu;
outras, desfaz-se a compleição doirada,
perde beleza a beleza; e o que perdeu
vai no acaso, na natureza, em nada.
Mas juro-te que o teu humano verão
será eterno; sempre crescerás
indiferente ao tempo na canção;
e, na canção sem morte, viverás:
Porque o mundo, que vê e que respira,
te verá respirar na minha lira.


Tradução de Carlos de Oliveira

William Shakespeare (b. Stratford-upon-Avon, Warwickshire, England, born probably on 23 April 1564 - baptised 26 April 1564-; died Stratford-upon-Avon, Warwickshire, England, 23 April 1616)

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Distribuição da Poesia - Jorge de Lima

Mel silvestre tirei das plantas,
sal tirei das águas, luz tirei do céu.
Escutai, meus irmãos: poesia tirei de tudo
para oferecer ao Senhor.
Não tirei ouro da terra
nem sangue de meus irmãos.
Estalajadeiros e banqueiros
Sei fabricar distâncias
para vos recuar.
A vida está malograda,
creio nas mágicas de Deus.
Os galos não cantam,
a manhã não raiou.
Vi os navios irem e voltarem.
Vi os infelizes irem e voltarem.
Vi homens obesos dentro do fogo.
Vi ziguezagues na escuridão.
Capitão-mor, onde é o Congo?
Onde é a ilha de São Brandão?
Capitão-mor, que noite escura!
Uivam molossos na escuridão.
Ó indesejáveis, qual o país,
qual o país que desejais?
Mel silvestre tirei das plantas,
sal tirei das águas, luz tirei do céu.
Só tenho poesia para vos dar.
Abancai-vos, meus irmãos.

in Poesia Brasileira do Século XX Dos Modernistas À Actualidade, selecção, introdução e notas de Jorge Henrique Bastos, Edições Antigona

Jorge Matheus de Lima (n. em União de Palmares, Alagoas a 23 Abr 1893, m. no Rio de Janeiro a 15 Nov 1953)

Ler do mesmo autor:
O Acendedor de Lampiões
O Mundo do Menino Impossível
Este Poema de Amor Não é Lamento
Minha Sombra

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2011-04-22

Earth Day


Earth Day 2011Earth Day is a day designed to inspire awareness and appreciation for the Earth's environment. It is held annually during both spring in the northern hemisphere and autumn in the southern hemisphere. It was founded by U.S. Senator Gaylord Nelson as an environmental teach-in in 1970 and now is coordinated globally by the Earth Day Network, and is celebrated in more than 175 countries.


Earth Day is a time to celebrate gains we have made and create new visions to accelerate environmental progress. Today Earth Day, particularly, but every day is a time to act to protect our planet. Indeed Earth is where we live...

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Volta ao Passado - Augusto de Lima

Quis rever em memória o santo abrigo
Onde deixei as ilusões dormindo.
"Vou despertá-las", murmurei, partindo,
"E hei de trazê-las outra vez comigo".

Nova e última ilusão. No sítio antigo,
Jardim outrora florescente e lindo,
Já ninguém dorme. Tudo é morto e findo.
Só de cada ilusão resta um jazigo:

Campas sem epitáfio... Agora é tudo
Um cemitério pavoroso e mudo,
Bem que inda de flores se alcatife.

E dos ciprestes na última avenida,
Vejo a última ilusão que me convida,
Martelando nas tábuas de um esquife!


Antônio Augusto de Lima (n. Nova Lima, então Congonhas de Sabará, a 5 de Abril de 1859; m. Rio de Janeiro, 22 de Abril de 1934)

Esperança e Saudade
Serenata
A Um Otimista

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2011-04-21

Poemas aos Homens do nosso tempo - Hilda Hilst

Amada vida, minha morte demora.
Dizer que coisa ao homem,
Propor que viagem? Reis, ministros
E todos vós, políticos,
Que palavra além de ouro e treva
Fica em vossos ouvidos?
Além de vossa RAPACIDADE
O que sabeis
Da alma dos homens?
Ouro, conquista, lucro, logro
E os nossos ossos
E o sangue das gentes
E a vida dos homens
Entre os vossos dentes.

***********

Ao teu encontro, Homem do meu tempo,
E à espera de que tu prevaleças
À rosácea de fogo, ao ódio, às guerras,
Te cantarei infinitamente à espera de que um dia te conheças
E convides o poeta e a todos esses amantes da palavra, e os outros,
Alquimistas, a se sentarem contigo à tua mesa.
As coisas serão simples e redondas, justas. Te cantarei
Minha própria rudeza e o difícil de antes,
Aparências, o amor dilacerado dos homens
Meu próprio amor que é o teu
O mistério dos rios, da terra, da semente.
Te cantarei Aquele que me fez poeta e que me prometeu

Compaixão e ternura e paz na Terra
Se ainda encontrasse em ti, o que te deu.


Hilda Hilst, nasceu na cidade de Jaú, interior do Estado de São Paulo, em 21 de Abril de 1930 e faleceu no dia 04 de fevereiro de 2004, na cidade de Campinas (SP).
Ler da mesma autora, neste blog:
O Poeta Inventa Viagem, Retorno e Morre de Saudade
Do Desejo III

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2011-04-20

Quem me quiser - Rosa Lobato de Faria

Quem me quiser há-de saber as conchas
a cantiga dos búzios e do mar.
Quem me quiser há-de saber as ondas
e a verde tentação de naufragar.

Quem me quiser há-de saber as fontes,
a laranjeira em flor, a cor do feno,
à saudade lilás que há nos poentes,
o cheiro de maçãs que há no inverno.

Quem me quiser há-de saber a chuva
que põe colares de pérolas nos ombros
há-de saber os beijos e as uvas
há-de saber as asas e os pombos.

Quem me quiser há-de saber os medos
que passam nos abismos infinitos
a nudez clamorosa dos meus dedos
o salmo penitente dos meus gritos.

Quem me quiser há-de saber a espuma
em que sou turbilhão, subitamente
- Ou então não saber a coisa nenhuma
e embalar-me ao peito, simplesmente.


Rosa Maria de Bettencourt Rodrigues Lobato de Faria (nasceu em Lisboa a 20 de Abril de 1932; m. 2 de Fevereiro de 2010)

Primeiro a tua mão sobre o meu seio
Afirmas que brigámos. Que foi grave

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Soneto - Nunes Claro

Quem quer que sejas tu, que neste abrigo
Vieste em hora mansa hoje parar.
Feliz! Vens encontrar aqui contigo
Os tesouros que andaste a procurar.

Vens encontrar, sob o silêncio amigo,
A paz do ouvido, e a glória do olhar.
E até, quem sabe? Aquele beijo antigo
que há muito tempo não sabias dar.

Vens encontrar, (é tarde? Não importa),
Um bem que passou à tua porta.
Um grande amor, nem tu soubeste a quem.

E vens, (tanta riqueza em toda a parte),
Vens a ti mesmo, atónito, encontrar-te.
És um poeta, e nunca o viste bem.

Joaquim Nunes Claro (nasceu em Lisboa a 20 de Abril de 1878 e faleceu em Sintra, 5 de Maio de 1949)

Ler do mesmo autor, neste blog:
Partiste e a serra idílica do vento
Toma essas rosas de Dezembro agora
Vieste Tarde Meu Amor

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Happy Birthday Miranda Kerr


Miranda Kerr,nothingandall

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2011-04-19

Tema e Variações - Manuel Bandeira

Sonhei ter sonhado
Que havia sonhado.

Em sonho lembrei-me
De um sonho passado:
O de ter sonhado
Que estava sonhando.

Sonhei ter sonhado...
Ter sonhado o quê?
Que havia sonhado
Estar com você.
Estar? Ter estado,
Que é tempo passado.

Um sonho presente
Um dia sonhei.
Chorei de repente,
Pois vi, despertado,
Que tinha sonhado.


Extraído de 366 pooemas que falam de amor, uma antologia organizada por Vasco da Graça Moura, Quetzal Editores

Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho (n. Recife, 19 Abril 1886 — m. Rio de Janeiro, 13 de Out. de 1968).

Ler do mesmo autor, neste blog:
Hiato
Desencanto
A Onda
Antologia
Momento Num Café
Maçã

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Happy Birthday Luiza Freyesleben


Luiza Freyesleben

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2011-04-18

SONETO A VIRGÍLIO - Augusto Schmidt

Nesta hora em que o mundo em desespero
Busca os fundos e ásperos abismos,
Como é suave consolo às almas tristes
Ouvir a tua voz humana e eterna!

Poeta de alma tão pura e olhar tão doce,
Cantor das almas simples e saudáveis,
Pai de Enéias, o herói piedoso e esquivo,
E dessa Dido, cujo drama ainda

Aos nossos corações tanto enternece.
Cristão antes de Cristo, a quem sentiste
Nas entranhas de um tempo inatingido.

Poeta e cantor da Paz, alma sensível,
Dá-nos do teu Amor as claras lágrimas
Para conforto de tão duras penas.

poema extraído daqui

Augusto Frederico Schmidt nasceu a 18 de Abril de 1906 no Rio de Janeiro; m. no Rio de Janeiro a 8 de Fevereiro de 1965.

Ler do mesmo autor, neste blog:
Quando eu morrer
Vazio
Verás Amor Cruel Descer Serena

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2011-04-17

Mesmo com o campeonato já decidido a gatunagem continua

Já nem vale a pena falar de arbitragem de futebol em Portugal. Se em jogos a "feijões" como os de hoje foi o que se viu, preparem-se para quarta-feira...

Hoje na Luz um livre de Aimar desviado por um defesa para dentro da baliza não valeu golo... porque Elmano Santos e Companhia não consideraram o desvio do defesa. As novas regras agora dizem que têm der ser dois jogadores da mesma equipa a tocar na bola aquando duma marcação de livre indirecto para o golo ser válido. Lembram-se deste árbitro não se lembram? É o mesmo do Porto-Setúbal que inventou um penalty para o Porto fazer 1-0 e mandou repetir o penalty marcado pelo Setúbal no último minuto para não ser 1-1...

A seguir foi o Porto-Sporting. Não fosse Rui Patrício e o Sporting teria sido goleado. Mas a verdade é que não fosse Artur Soares Dias e o resultado teria sido um empate. Este senhor (lembram-se do Braga-Guimarães da época passada não é verdade? Penalty atrás de penalty para o Braga ganhar e continuar na disputa do título com o Benfica. Hoje Guarín derruba Helton sem nenhum jogador do Sporting no lance e o árbitro marca falta contra o Sporting... não fosse algum jogador capturar a bola soltada pelo guarda-redes portista... Depois mais um escândalo (que já começa a ser branqueado pelo treinador do Porto e por mais um ex-árbitro comentador Henriques - será por ter o mesmo apelido do Antero?- que deixou a arbitragem por ter descido de divisão mas que pelos vistos se considera um supra-sumo). Soares Dias já havia marcado a Rolando uma falta por jogar a bola com o braço (mas isso foi no meio-campo!...). Rolando, jogador que beneficia do estatuto especial de poder jogar andebol, basquetebol e voleibol num jogo de futebol - já são para aí uns dez lances destes em todo o campeonato e não se viu um único penalty!!!- faz um batimento de basquetebol em plena área, toda a gente viu inclusivé o árbitro, mas toca a andar... porque passar de 3-1 para 3-3 pode afectar a equipa psicológicamente e vem aí um jogo importante na quarta-feira. Aliás... ouviu bem os recados da conferência de imprensa do senhor Antero (conhecem? esse mesmo ... o das escutas!)

Mas é bom para esses senhores sportinguistas que andaram toda a época a fazer o jogo do FCP numa espécie de consórcio, criticando as posições do Benfica sobre a arbitragem, sofrer na própria carne as consequências. Agora vão-se queixar certamente...

É esta a vergonha do futebol português. Agora vem aí Benquerenças ou Xistradas... Prepara-te Jesus!


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Centenário do nascimento de Laci Osório: Ibirapuitã

Ó rio da minha infância vou sonhando
que és um índio minuano negaceando
quando o vento sussurra nos caminhos.
Se o sonho da memória não me engana
vens num gosto de mel de lixiguana
emponchado das árvores, dos ninhos.

Cheiro forte de ervas curandeiras
no coadouro verde do campestre.
E os vestidos de chita e a flor silvestre
anilados no suor das lavadeiras.

As chuvas encortinam o sol poente
e lá na tarde branca do crescente
que faz o arco-íris quando acampa?
faz um rio multicolor entre os capões
tomar porre de nuvens e trovões
e ir babando espumas pelo pampa.

Nos retouços do vento matutino
grita um rio porque o tempo decalcou
as picadas que a história atravessou
de pala branco e lenço sulferino.

E o rio subiu de noite nos telhados
e o coração dos homens afogados
que as velas dos porongos alumiaram
boiando vai em contorsões de múculos
vai murmurando o terço dos crepúsculos
e vai rezando pelos que ficaram.

Mas quem de nós um dia não ouviu
quando o século vinte disse ao rio:
- exigimos de tí mais poesia
e logo logo no romper do dia
o rio boêmio redemoinha e dança
vem das fraldas da serra rio criança
para ser operário das turbinas.

E vai rolar bem cedo com a aurora
domado na represa o rio agora
o arroz de tranças ruivas mergulhou
e o cavalo de força relinchou
na tropilha noturna das usinas.

Há cantigas pagãs de picaretas
rumor de brocas, rinchos de carretas
e o rio boêmio bebe tempestade
Onde ele passa estancam-se os crepúsculos
sua fogo e relâmpago dos músculos
para subir nos postes da cidade.

O minuano murmura nos caminhos
e emponchado das árvores, dos ninhos
rio boêmio redemoinha e dança
corre e gira nos parques de tardinha
e gira e valsa e roda cirandinha
lá na roda gigante das crianças.

No crepúsculo rubro a lua cheia
tocou no velho angico um cantochão
em cada ramo um braço de violão
que o sabiá da praia bordoneia.

O rio das crinas brancas da represa
vara as noites rurais cheias de lenda
para rolar o trigo na moenda
e no milagre do pão em cada mesa.

E a tecedeira que tece fios de suor
fará um poncho para o seu amor,
da lã que a esquila colocou no tear.
E vai tecendo uma existência inteira
que se respeite o suor da tecedeira
senão o rio, o rio há de estancar.

A natureza com magia e arte
num comunismo lírico reparte
o colibri o sol a rosa e o estio
semeia o cedro e o guabiju na margem.
E sendo o rio o dono da paisagem
por que é que o homem não imita o rio?


poema daqui

LACY OSÓRIO (ou Laci, na grafia atual) nasceu em Alegrete-RS, a 17 de Abril de 1911 e
faleceu em 31 de julho de 1999 em Porto Alegre-RS.

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2011-04-16

Li hoje quase duas páginas - Alberto Caeiro

Li hoje quase duas páginas
Do livro dum poeta místico,
E ri como quem tem chorado muito.

Os poetas místicos são filósofos doentes,
E os filósofos são homens doidos.

Porque os poetas místicos dizem que as flores sentem
E dizem que as pedras têm alma
E que os rios têm êxtases ao luar.

Mas flores, se sentissem, não eram flores,
Eram gente;
E se as pedras tivessem alma, eram cousas vivas, não eram pedras;
E se os rios tivessem êxtases ao luar,
Os rios seriam homens doentes.

É preciso não saber o que são flores e pedras e rios
Para falar dos sentimentos deles.
Falar da alma das pedras, das flores, dos rios,
É falar de si próprio e dos seus falsos pensamentos.
Graças a Deus que as pedras são só pedras,
E que os rios não são senão rios,
E que as flores são apenas flores.

Por mim, escrevo a prosa dos meus versos
E fico contente,
Porque sei que compreendo a Natureza por fora;
E não a compreendo por dentro
Porque a Natureza não tem dentro;
Senão não era a Natureza.

in O Guardador de Rebanhos
Extraído de Poemas Completos de Alberto Caeiro, Recolha, transcrição e notas Teresa Sobral Cunha - Editorial Presença, 1994



Alberto Caeiro* (nasceu em 16 de Abril de 1889, em Lisboa. Órfão de pai e mãe, não exerceu qualquer profissão e estudou apenas até à 4ª classe. Viveu grande parte da sua vida pobre e frágil no Ribatejo, na quinta da sua tia-avó idosa, e aí escreveu O Guardador de Rebanhos e depois O Pastor Amoroso. Voltou no final da sua curta vida para Lisboa, onde escreveu Os Poemas Inconjuntos, antes de morrer de tuberculose, em 1915, quando contava apenas vinte e seis anos) biografia daqui
* um dos heterónimos de Fernando Pessoa

Ler de Alberto Caeiro, neste blog:
Quando Vier a Primavera
O Guardador de Rebanhos- Poema II - O Meu Olhar
O Quê? Valho Mais Que Uma Flor
Para Além da Curva da Estrada
O Guardador de Rebanhos - Poema X
O Tejo é Mais Belo ...

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Ana Moura & Companhia no Coliseu do Porto

Ana Moura esteve em grande esta noite no Coliseu do Porto em espectáculo que tive o privilégio de assistir. Fado é claro, mas com mistura dos metais da Frankfurt Radio Bigband numa simbiose muitas vezes bem sucedida (uma outra nem tanto).

Mas logo na fase inicial do programa surpreendeu-nos com a apresentação de Pedro Abrunhosa num dueto inédito em EU NAO SEI QUEM TE PERDEU, Abrunhosa interpretou de seguida sozinho: Momento (Uma espécie de Céu)



A voz quente e segura da fadista alegrou um Coliseu que não esgotou mas que estava bem preenchido de público (3/4?), apesar do sentimento de saudade transmitido nas letras de alguns dos fados:

....
O que foi que aconteceu?
Aconteceu
Chama-lhe sorte ou azar
Eu não estava à tua espera
E tu voltaste a passar
Nunca senti bater o meu coração
Como senti ao sentir a tua mão
Na tua boca o tempo voltou atrás
E se fui louca
Essa loucura
Essa loucura foi paz
Tudo era para ser eterno
E tu para sempre meu
Onde foi que nos perdemos?
O que foi que aconteceu?
Tudo era para ser eterno
E tu para sempre meu
Onde foi que nos perdemos, meu amor?
O que foi que aconteceu?



ou
...
Mas porque é que a gente não se encontra?
Já estou sem saber o que hei de fazer
Se seguir em frente, ai madre de Deus
Se voltar a trás, ai Chiados meus
E o rio diz: que tarde infeliz

Mas porque é que agente não se encontra?

Mas porque é que agente não se encontra?
Já estou farta disto, farta de verdade
Vou beber a bica, sentar e pensar
Ver se esta saudade, ai fica ou não fica
E talvez sem quer, não querem lá ver
Sem te procurar te veja passar

Sem te procurar te veja passar

Momentos altos com A Penumbra (Uma noite em claro estou a saber de mim /À flor da minh’alma sou princípio do fim/ Quem me prendeu, quem me amou /Não cuidou de mim) e na interpretação do Fado Loucura. A insistência dos aplausos "obrigou" Ana Moura a voltar ao palco para terminar com o inevitável Leva-me aos Fados.

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EXERCÍCIOS CRÍSTICOS - José Inácio Vieira de Melo

Eu sempre tive o desejo incontinente de salvar o mundo,
sempre escolhi por companhia os que não medem o tempo
e andam para cima e para baixo a praticar cigarras,
os que têm por fortuna o dia todo – todos os dias.

Sempre cri ser o redentor de toda miséria humana,
então resolvi me coroar de espinhos
e por trono escolhi o cravejar da cruz,
tenho esse sorriso triste, essa lágrima de sangue.

Eu só acredito nas coisas que não vejo
e sinto em cada estrela uma Madalena a luzir,
e mesmo sabendo que Deus não existe
em cada criança percebo a Sua Face esplendorosa.

Trago comigo todos os pecados do mundo
e sou o cordeiro imolado que alimenta o delírio,
por isso a glória e a humilhação do vinho:
não é nada fácil ser juiz da própria loucura.


José Inácio Vieira de Melo nasceu em Olho d’Água do Pai Mané, povoado do município de Dois Riachos, Alagoas, em 16 de abril de 1968.

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2011-04-15

Poema Cansado de Certos Momentos - Fernando Namora

Foi-se tudo
como areia fina escoada pelos dedos.
Mãe! aqui me tens,
metade de mim,
sem saber que metade me pertence.
Aqui me tens,
de gestos saqueados,
onde resta a saudade de ti
e do teu mundo de medos.
Meus braços, vê-os, estão gastos
de pedir luz
e de roubar distâncias.
Meus braços
cruzados
em cruz de calvário dos meus degredos.
Ai que isto de correr pela vida,
dissipando a riqueza que me deste,
de levar em cada beijo
a pureza que pariste e embalaste,
ai, mãe, só um louco ou um Messias
estendendo a face de justo

para os homens cuspirem o fel das veias,
só um louco, ou um poeta ou um Cristo
poderá beijar as rosas que os espinhos sangram
e, embora rasgado, beber o perfume
e continuar cantando.
Mãe! tu nunca previste
as geadas e os bichos
roendo os campos adubados
e o vizinho largando a fúria dos rebanhos
pela flor menina dos meus prados.
E assim, geraste-me despido
como as ervas,
e não olhaste os pegos nem as cobras,
verdes, viscosas, espreitando dos nichos.
De mão nua, entregaste-me ao destino.
Os anjos ficaram lá em cima, cobardes, ansiosos.
E sem elmos ou gibões,
nem lutei nem vivi:
fiquei quieto, absorto, em lágrimas
— e lá ao fundo esperavam-me valados
e chacais rancorosos.

Mãe! aqui me tens,
restos de mim.
Guarda-me contigo agora,
que és tu a minha justiça e o exílio
do perdido e do achado.
Guarda-me contigo agora
e adormece-me as feridas
com as guitarras do fado.

Mas caberá no teu regaço
o fantasma do perdido?


Extraído de Poemas Portugueses Antologia da Poesia Portuguesa do Séc. XIII ao Séc. XXI, Porto Editora

Fernando Namora (n. em Condeixa a 15 de Abril de 1919; m. em Lisboa a 31 Jan. 1989)

Ler do mesmo autor, neste blog:
Poema da Utopia
Intimidade
Coisas, Pequenas Coisas
Noite

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Na passagem dos vinte anos sobre o desaparecimento do poeta Dante Milano: O amor de agora é o mesmo amor de outrora

O amor de agora é o mesmo amor de outrora
Em que concentro o espírito abstraído,
Um sentimento que não tem sentido,
Uma parte de mim que se evapora.

Amor que me alimenta e me devora,
E este pressentimento indefinido
Que me causa a impressão de andar perdido
Em busca de outrem pela vida afora.

Assim percorro uma existência incerta
Como quem sonha, noutro mundo acorda,
E em sua treva um ser de luz desperta.

E sinto, como o céu visto do inferno,
Na vida que contenho mas transborda,
Qualquer coisa de agora mas de eterno.

Dante Milano nasceu a 16 de junho de 1889 e morreu a 15 de abril de 1991

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DESINTEGRAÇÃO - Edgar Renault (nos 110 anos do seu nascimento)

Eu tenho o coração cheio de coisas para dizer...
E a minha voz, se eu acaso falasse,
teria a força de uma revelação.

Meu espírito palpita ao ritmo desordenado e aflito
de asas prisioneiras que se dilaceraram
na arrancada impossível da libertação e da altura.

Minhas mãos tremem ainda ao contato
imaterial, sub-humano e fugitivo
de qualquer coisa além e acima deste mundo...

Adormeceu para sempre no fundo dos meus olhos
a saudade de paisagens estranhas e longínquas,
que nunca, nunca mais voltarão neste tempo e neste espaço.

Doem meus olhos. Tremem, ansiosas, as minhas mãos.
Meu espírito palpita! Tenho o coração cheio de coisas para dizer...
Eu estou vivo, Senhor! mas, em verdade, é como se estivesse morto.


(in A outra face da lua, 1983)
poema extraído daqui

Abgar de Castro Araújo Renault (nasceu em Barbacena, MG, em 15 de abril de 1901, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 31 de dezembro de 1995).

Ler do mesmo autor, neste blog: Intimidade

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2011-04-14

Uefa Europa League: Podemos ter uma final portuguesa

PSV

2-2


Benfica





Errada estratégia fez tremer o apuramento...

Ai, ai...ai! Não fosse aquele golo marcado no último minuto do jogo da Luz por Saviola que deu o 4-1 e o Benfica que tremeu por todos os lados na primeira parte desta 2ª. mão poderia ter caído no abismo. Jorge de Jesus gosta de inventar nestes jogos importantes tirou Aimar do onze para entrar César Peixoto, colocando Gaitán no meio e isso foi o erro principal.


O Benfica começou o jogo como se estivesse a perder - o que é incompreensível quando se tem três!!! golos de vantagem. Pressão alta do Benfica, o PSV a jogar no meio-campo defensivo e a explorar lançamentos longos para as costas da defesa encarnada. Muitos foras de jogo... mas quando pegar uma.... será golo... adivinhava-se.


Holandeses a fazerem muitas faltas - Salvio arrumado do jogo por uma entrada de "sola" de um adversário que viu cartão amarelo - dois jogadores "amarelados", o guarda-redes a defender um remate de Gaitán para canto que 5!!! árbitros não vêem! Depois, a pressão alta a originar uma assistência de Marcelo (defesa do PSV) para Saviola que desperdiçou a inauguração do marcador...


Dentro da lógica do jogo um lançamento para a direita, desta vez Lens em posição legal rompe em direcção à baliza e cruza para a esquerda, sem acompanhamento necessário da defensiva encarnada, para Dzudzak (um dos melhores jogadores do PSV e que afinal não ficou impedido de jogar com o amarelo da Luz) inaugurar o marcador aos 17'. Salvio não recuperou da falta sofrida logo no início e teve de sair aos 20' para a entrada de Carlos Martins. Esta situação não foi má de todo porque tirou o individualista Gaitán do centro do terreno onde já perdera várias bolas ao tentar romper sozinho em dribles e podia permitir a estabilização do meio-campo encarnado. No entanto, com os holandeses empolgados, uma perda de bola de Saviola conduziria ao segundo golo do PSV. Roberto ainda defendeu o primeiro remate mas a falta de cobertura dos defesas deu a Lens a possibilidade da recarga que concretizaria o segundo golo.


O Benfica perdeu a cabeça e ofereceu o terceiro golo por Maxi Pereira num falhanço incrível que Dzudzack desperdiçou ao atirar contra as pernas de Roberto. Mais um golo e os holandeses passavam a ter vantagem... mas ao terminar a primeira parte após livre marcado por Carlos Martins (que já fora ele a sofrer falta), Luisão conclui com um pontapé fazendo a bola entrar entre a cabeça de um defesa em cima da linha e a barra, marcando um golo que faz inveja aos melhores avançados do mundo e que valeu um golo e meio. Com efeito, o Benfica (tinha apenas meio-golo de avanço) estava antes à mercê de um golo do PSV e agora a equipa da Holanda já tinha de marcar dois golos mas para empatar!


Na segunda parte, o Benfica, para além de mais estável em termos psicológicos, não caiu no erro inicial; postou a equipa mais atrás em campo não permitindo que o PSV jogasse em contra-ataque. A melhor capacidade técnica de alguns jogadores encarnados veio ao de cima e foi uma jogada individual de César Peixoto que tirou um penalty (e que devia ter dado o segundo cartão amarelo a Marcelo que o árbitro alemão perdoou). Cardozo fez o 2-2 aos 63' na conversão da penalidade e terminou com as possibilidades e ambições do PSV. Nas bancadas passou-se a ouvir olés dos portugueses. Jesus fez entrar Aimar para o lugar de Saviola, também os holandeses fizeram duas substituições de uma assentada, mas o jogo estava resolvido.


O Benfica passou com margem confortável de três golos mas os adeptos não podem estar muito satisfeitos com estas tremideiras tácticas e psicológicas. O Porto mostra uma consistência de jogo a meio-campo muito grande (voltou a vencer e por 5-2! em Moscovo), o Braga, com uma equipa muito desfalcada (e sem defesas) mostrou consistência defensiva e capacidade de sofrimento para jogar uma hora com menos um homem e assegurar o nulo com o Dynamo de Kiev e o Benfica continua a ser, das três, a equipa que tem níveis exibicionais de maior amplitude de variação (entre o melhor e o pior).


Agora temos um Benfica-Braga (isto porque a ordem dos jogos foi alterada não se sabe bem porquê... - supostamente por motivos de segurança - e não gostei nada disso), acabando a eliminatória no Estádio Axa, enquanto o Porto defronta o Villarreal (também voltou a ganhar na Holanda por 3-1 após os 5-1 da primeira mão) jogando o primeiro jogo no Dragão.


Ficha do Jogo: Stadium: PSV Stadion, Eindhoven (NED) Referee: Wolfgang Stark (GER) PSV


EINDHOVEN: Isaksson, Manolev (Nijland 85'), Marcelo (Vukovic 73'), Rodríguez, Abel Tamata (Marcus Berg 72'), Bakkal, Hutchinson, Wuytens, Labyad, Lens, Dzsudzak.


BENFICA: Roberto, Maxi Pereira, Luisão, Jardel, Fábio Coentrão, Javi García, César Peixoto, Salvio (Carlos Martins 20'), Gaitán (Airton 79'), Saviola (Aimar 67'), Cardozo.


Golos: 1-0 Dzsudzak 17'; 2-0 Lens 26'; 2-1 Luisão 45+3' e 2-2 Cardozo aos 63' de penalty. Disciplina: 7' Cartão Amarelo para Abel Tamata por falta sobre Salvio; 28'Cartão Amarelo para Dzsudzak, por rematar à baliza de Roberto com o jogo interrompido; 35' Cartão Amarelo para Marcelo por falta cometida sobre Saviola.

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O EU - Miguel Reale

Abismo em que me perco todo dia
Sempre à procura de meu ser disperso,
Reflexo do que passa pelo céu
Ou espelho exposto a todas as figuras.

Um centro vivo ou então periferia
Às vezes emergindo outras imerso
No que é dos outros ou no que é meu,
Dando sentido enorme às criaturas.

Barco perdido em meio à correnteza
Ou bússola marcando os horizontes,
Um sair e volver eternamente,

Novelo intumescido de incerteza
As chãs planícies e elevados montes,
Virtualidades todas da semente.


poema extraído daqui
Miguel Reale, nasceu em São Bento do Sapucaí, 6 de novembro de 1910 e faleceu em São Paulo, 14 de abril de 2006.

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2011-04-13

O Leão e o Rato - Jean de La Fontaine


Certo dia, estava um Leão a dormir a sesta quando um ratinho começou a correr por cima dele. O Leão acordou, pôs-lhe a pata em cima, abriu a bocarra e preparou-se para o engolir. - Perdoa-me! - gritou o ratinho - Perdoa-me desta vez e eu nunca o esquecerei. Quem sabe se um dia não precisarás de mim? O Leão ficou tão divertido com esta ideia que levantou a pata e o deixou partir. Dias depois o Leão caiu numa armadilha. Como os caçadores o queriam oferecer vivo ao Rei, amarraram-no a uma árvore e partiram à procura de um meio para o transportarem. Nisto, apareceu o ratinho. Vendo a triste situação em que o Leão se encontrava, roeu as cordas que o prendiam. E foi assim que um ratinho pequenino salvou o Rei dos Animais.

Moral da história: Não devemos subestimar os outros.

Nota: Cada vez mais me convenço que estou a ficar velho... se não como gostar tanto destas historinhas de criança de final feliz!

Jean de La Fontaine(Château-Thierry, 8 de julho de 1621 — Paris, 13 de abril de 1695)

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Cantarei até que a voz me doa, no aniversário de José Luís Gordo, na voz de Maria da Fé

Até que a voz me doa
José Luís Gordo / Fontes Rocha
Repertório de Maria da Fé

Cantarei... até que a voz me doa
P'ra cantar, cantar sempre o meu fado
Como a ave que tão alto voa
E é livre de cantar em qualquer lado;
Cantarei... até que a voz me doa

Cantarei... até que a voz me doa
Ao meu país, à minha terra, à minha gente
À saudade e à tristeza que magoa
Ao amor de quem ama e morre ausente;
Cantarei... até que a voz me doa

Cantarei... até que a voz me doa
Ao amor e à paz cheia de esperança
Ao sorriso e à alegria da criança
Cantarei... até que a voz me doa
Cantarei... até que a voz me doa


José Luís Gordo nasceu em Vila de Frades, Vidigueira, a 13 de Abril de 1947, autor do poema

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2011-04-12

ESPARSA - José Albano

Há no meu peito uma porta
a bater continuamente;
dentro a esperança jaz morta
e o coração jaz doente.
Em toda parte onde eu ando,
ouço este ruído infindo:
são as tristezas entrando
e as alegrias saindo.


poema extraído daqui

José Albano (n. em Fortaleza, Ceará, Brasil a 12 Abr 1882, m. em Montauban, França a 11 Jul 1923)

Ler do mesmo poeta:
Soneto;
Ode À Lingua Portuguesa;
Prece

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Um habitante / Un Habitante - Mario Rivero

Este homem não tem nada que fazer
sabe dizer poucas palavras
leva nos seus olhos colinas
e sestas na relva
Vai em direcção a algum lugar
com um pacote debaixo do braço
em busca de alguém que lhe diga "entre"
depois de ter engolido o pó
e o estridente apito dos comboios
depois de ter visto a lista de empregos nos jornais
Não deseja mais do que descansar um por um os seus poros
Há tanta solidão a bordo de um homem
quando apalpa os seus bolsos ou conta os frangos assados nas vitrinas
ou na rua os cavalinhos que fazem a chuva feliz
E dentro da tibieza as bocas sorriem à meia-noite
algumas se beijam e entesouram desejos
outras mastigam chicletes e brincam com as chaves
Crescem os bosques de ídolos
e o caçador se faz cobrar pela sua melhor peça


poema daqui

Original

Este hombre no tiene nada que hacer
sabe decir pocas palabras
lleva en sus ojos colinas
y siestas en la hierba

Va hacia algún lugar
con un paquete bajo el brazo
en busca de alguien que le diga
"entre usted"
después de haber bebido el polvo
y el pito largo de los trenes
después de haber mirado en los periódicos
la lista de empleos

No desea más que donde descansar
uno-por-uno-sus-poros

Hay tanta soledad a bordo de un hombre
cuando palpa sus bolsillos
o cuenta los pollos asados en los escaparates
o en la calle los caballitos
que fabrica la lluvia feliz

Y dentro en la tibieza
las bocas sonríen a la medianoche
algunas se besan y atesoran deseos
otros mastican chicles y juegan con sus llaves
crecen los bosques de ídolos
y el cazador cobra su mejor pieza


Mario Rivero nascido em Envigado, localidade próxima de Medellín, 1935, m. em 12 de abril de 2009

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Happy birthday - Brooklyn Decker


Brooklyn Decker - click on to get higher resolution

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2011-04-11

Visão Dum Leito - António Fogaça

imagem daqui

Ei-la dormindo! Como a branca espuma
que desliza ao quebrar duma onda enorme,
é do seu leito tão plácido...que, em suma,
lembra uma concha onde a Volúpia dorme.

Cerrado o olhar, um céu de ignoto enleio,
o seu corpo febril me surpreendeu...
nudez de acaso, enfim, um céu que veio
como a suprir os lumes do outro céu.

Forma suave, branda, áurea-divina...
-Céu para os lábios, flor que em sonho amado
de puríssimos gozos se ilumina,
sob um chão de luar doce e azulado.

E eu sem poder tocar naquela face...
nem conseguir ao menos esquecê-la!
Eu - como se este olhar, triste, ficasse
a vida inteira condenado a vê-la!...

Vê-la sem a beijar - fosse de leve!
voluptuosa, entre ilusões e alvores,
como um raio de Sol doirando a neve,
como um perfume sobre um mar de flores.


in 366 poemas que falam de amor; uma antologia organizada por Vasco da Graça Moura, Quetzal Editores

António Maria Gomes Machado Fogaça (n. Barcelos, 11 Abr 1863, m. Coimbra, a 27 Nov. 1888).

«Fogaça foi um desses cedo-mortos que tiveram unicamente na arte como na vida, páginas de mocidade. A poesia de António Fogaça é quase sempre risonha de prazer, voluptuosa, quente d'amor lânguida e macia como essas peçasinhas que ele dóba para as suas amadas que, mesmo morrendo, ficam vivas para ele...» (Manoel de Sousa Pinto in Arte & Vida, nº. 1 - Novembro de 1904).

Ler do mesmo autor neste blog:
Desgostosa;
Os Rouxinóis

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Happy Birthday Alessandra Ambrosio

Alessandra Ambrosio - Nothingandall

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Naval ainda sonha com sobrevivência ao derrotar o Benfica

Naval 1º. de Maio logoBenfica logoNaval

2-1

Benfica


Equipa de reservas não desculpa sétima! derrota

Jorge de Jesus durante a época pouco rodou a equipa e de vez em quando faz alterações radicais que, naturalmente, resultam mal. Foi assim o empate caseiro frente ao Portimonense é agora pior com uma derrota frente à Naval em que da interacção dos conjuntos dos onze iniciais apresentados frente ao do PSV e neste jogo resulta um conjunto vazio: ou seja nenhum dos titulares deste jogo fora titular no jogo europeu.

Este aspecto motivou ainda mais esta Naval que melhorou muito na era do treinador Mozer e que começou o jogo a pressionar sobre o meio-campo encarnado que não conseguia sair a jogar face a uma táctica pressionante e a um avanço da linha defensiva colocando as saídas encarnadas constantemente em fora de jogo. Aos 18' a Naval contabilizava cinco pontapés de canto contra nenhum do Benfica. O melhor que a equipa encarnada conseguira foi um livre que Carlos Martins desperdiçou contra a barreira.

Foi, assim, com justiça que os locais colocaram-.se em vantagem no marcador com um golo de Bruno Moraes, aos 22', que de cabeça chegou mais alto que Júlio César com as mãos (ó Benfica vê se compras finalmente um guarda-redes que saiba sair a cruzamentos...). Logo a seguir o 2-0 esteve à vista mas i o guarda-redes do Benfica fez uma boa defesa.

O Benfica reagiu por volta da meia hora de jogo e passou finalmente a atacar dispondo de uma grande oportunidade de empatar após cruzamento da direita que Carlos Martinsd de cabeça perto da marca de penalty colocou tanto a bola que ela bateu no poste com o guarda-redes batido. Foi o prenúncio do empate que chegou de um pontapé de canto da esquerda de Carlos Martins com Kardec a desviar de cabeça para o fundo da baliza.

Na segunda parte - era impossível manter aquele nível de pressão dos figueirenses - o Benfica adaptou-se melhor à táctica adversária e apareceu com mais domínio de jogo aproveitando algumas boas iniciativas de Carole pela esquerda e uma maior intervenção no jogo de Carlos Martins.

A Naval parecia mais conformada com o empate com os encarnados mais ao ataque mas sem aproveitar devidamente as costas da defesa da casa, ainda que também o assistente não facilitasse a vidas encarnada ao assinalar por duas vezes foras de jogo inexistentes.

A meio da segunda parte o Benfica faz uma dupla substituição entrando Salvio e Weldon para os lugares de Carlos Martins (queixoso das costas) e César Peixoto, dando ideia de forçar a vitória com a entrada aos 78' de Aimar para o lugar de Felipe Meneses. Também a Naval refrescou o ataque com a entrada de João Pedro para o lugar de Simplício e de Hugo Machado para o lugar de Bruno Moraes

O Benfica ameaçava o 1-2 com Weldon quase em cima da baliza a exigir uma defesa de recurso de Salin quando inesperadamente numa perda de bola na transição ofensiva de Aimar deu lugar a um contra-ataque que Marinho aproveitando um ressalto aproveitou ao meter-se na zona central e colocar bem o remate.

No minuto seguinte a bola voltou a bater no poste da baliza de Salim com um remate de cabeça de Sidnei mas também num livre (falta de Aimar) a Naval esteve perto de voltar a Marcar com Júlio César a defender incompletamente e na recarga a bola a ir aos ferros da baliza.

Nos últimos minutos o Benfica procurou evitar a derrota e Luís Filipe, que esteve bastante bem no jogo, preferia não ter estado envolvido na última jogada do jogo, em que completamente isolado atirou em força mas à figura do guarda-redes da Naval, fazendo o mais difícil que foi evitar marcar.

O Benfica sofreu a sétima derrota na Liga (já tem mais derrotas do que o próprio Sporting) e esta (má) gestão do plantel não se justifica, porque antes o Porto jogara em Portimão, fez rodar vários jogadores não titulares mas a base da equipa esteve presente, não prescindindo o treinador portista de Rolando, João Moutinho, Hulk e Falcão. Não é mudando toda a equipa (e curiosamente Fernandez ainda não fez um minuto...) e perdendo que os jogadores menos utilizados "crescem" (não é Roderick? Sempre que jogas perdes...)

A arbitragem de Bruno Paixão esteve em bom plano sem casos de jogo apesar de erros vários nos foras de jogo, por parte do assistente que acompanhou o ataque do Benfica na segunda parte.

Liga Zon Sagres: 26ª. Jornada

NAVAL: Salin, Gómis, Real, Carlitos, Godemèche, Camora, Manuel Curto, Michel Simplício (João Pedro 74'), Bolívia, Marinho, Bruno Moraes (Hugo Machado 82').

BENFICA: Júlio César, Carole, Roderick, Sidnei, César Peixoto (Weldon 66'), Luís Filipe, Airton, Felipe Menezes (Aimar 78'), Carlos Martins (Salvio 66'), Jara, Kardec.

26' Cartão Amarelo Jara (Benfica), falta sobre Carlitos.
67' Cartão Amarelo para Luís Filipe (Benfica), por travar a saída em contra-ataque da Naval.
87' Cartão Amarelo para Camora (Naval).



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2011-04-10

Meu país desgraçado - Sebastião da Gama

Meu país desgraçado!...
E no entanto há Sol a cada canto
e não há Mar tão lindo noutro lado.
Nem há céu mais alegre do que o nosso,
Nem pássaros, nem águas…

Meu país desgraçado!...
Por que fatal engano?
Que malévolos crimes
teus direitos de berço violaram?

Meu Povo
de cabeça pendida, mãos caídas,
de olhos sem fé
- busca, dentro de ti, fora de ti, aonde
a causa da miséria se te esconde.

E em nome dos direitos
que te deram a terra, o Sol, o Mar,
fere-a sem dó
com o lume do teu antigo olhar.

Alevanta-te, Povo!
Ah!, visses tu, nos olhos das mulheres,
a calada censura
que te reclama filhos mais robustos!

Povo anémico e triste,
meu Pedro Sem sem forças, sem haveres!
- olha a censura muda das mulheres!
Vai-te de novo ao Mar!
Reganha tuas barcas, tuas forças
e o direito de amar e fecundar
as que só por Amor te não desprezam!


Extraído de "Cem Poemas Portugueses sobre Portugal e o Mar", selecção, organização e introdução de José Fanha e José Jorge Letria; Terramar

Sebastião Artur Cardoso da Gama (n. em Vila Nogueira de Azeitão, Setúbal, a 10 de Abril de 1924; m. em Lisboa a 7 de Fevereiro de 1952).

Do mesmo autor ler, neste blog, os belíssimos poemas:
Crepuscular
Largo do Espírito Santo, 2 - 2º
Nasci Para Ser Ignorante
Pequeno Poema
O Sonho
Madrigal
Poema da Minha Esperança
Anunciação
Poesia Depois da Chuva

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2011-04-09

Musical suggestion of the day - Aurea : Busy (For Me)

Aurea - "Busy (For Me)" Lyrics

I tried to call you
But you didn’t answer the phone
I tried to pick you up
But you didn’t come along
I tried to talk to you
But you didn’t even answer me
I tried to reach you
But you’re so high up above

Oh baby

I cry every day
I cry every night
For a second of your time
But you’re so busy for me
You don’t care for my plea
So I cry, cry, cry, cry...

Oh...
I tried to tease you
But you didn’t even care
I tried to love you
But your heart closed its doors

Oh baby

I cry every day
I cry every night
For a second of your time
But you’re so busy for me
You don’t care for my plea
So I cry, cry, cry, cry...

I cry every day
I cry every night
For a second of your time
But you’re so busy for me
You don’t care for my plea
So I cry, cry, cry, cry...

So you didn’t come along
You didn’t answer
You didn’t care
You closed your heart for me

Oh...
I tried to call you...
Pick up the phone
You’re so busy...

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A Alma do Vinho - Charles Baudelaire

Barca Velha 1991foto tirada em 6 Abril 2011, dia em que
pela 1ª. vez bebi Barca Velha

A alma do vinho assim cantava nas garrafas:
“Homem, ó desherdado amigo, eu te compus,
Nesta prisão de vidro e lacre em que me abafas,
Um cântico em que há só fraternidade e luz!
Bem sei quanto custou, na colina incendida,
De causticante sol, de suor e de labor,
Para fazer minha alma e engendrar minha vida;
mas eu não hei de ser ingrato e corruptor,
Porque eu sinto um prazer imenso quando baixo
À goela do homem que já trabalhou demais,
E seu peito abrasante é doce tumba que acho
Mais propícia ao prazer que as adegas glaciais.
Não ouves retinir a domingueira toada
E esperanças chalrar em meu seio febris?
Cotovelos na mesa e manga arregaçada;
Tu me hás de bendizer e tu serás feliz:
Hei de acender-te o olhar da esposa embevecida;
A teu filho farei voltar a força e a cor
E serrei para tão tenro atleta da vida
Como o óleo que os tendões enrija ao lutador.
Sobre ti tombarei, vegetal ambrosia,
Grão precioso que lança o eterno Semeador,
Para que enfim do nosso amor nasça a poesia
Que até Deus subirá como uma rara flor!"

Tradução de Guilherme de Almeida

Charles-Pierre Baudelaire (nasceu a 9 de Abril de 1821 em Paris, m. 31 de Agosto de 1867)

Ler do mesmo autor, neste blog:
Intangível
Correspondências
Um Hemisfério numa cabeleira

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CANÇÃO ANTIGA - Júlio Brandão

Faça grinaldas quem tiver amores,
De rosas e açucenas...
Amar é semear flores,
E colher penas!
Faça ramos d’estrelas quem amar!
Oh! Que lindas estrelas, que perfume
Da Vida nos caminhos!
Mas as estrelas têm lume,
As rosas têm espinhos!...
E queima como brasas
Poisadas sobre o peito
O Amor!...
- Colai, amantes, as fulgentes asas,
Que o céu coalhou-se d’oiro,
Como se fosse luminoso leito...
No longo bosque loiro
Do teu cabelo, uma ave multicor
Poisa a cantar...
O teu olhar sorriu,
Tua boca floriu,
Andam os anjos todos a voar...
As árvores da selva
Cobrem-te, e as fontes choram
Segredos entre a relva.
E enquanto, minha Amada,
As tuas faces coram,
As ninfas da floresta,
Junto à nascente clara e sossegada,
Do Amor na eterna festa,
Todas cochicham, entrançando ramos
P’ra nós, que nos amamos!...


Júlio Brandão, O Jardim da Morte (1898)

Júlio Sousa Brandão nasceu em Famalicão a 9 de Agosto de 1869 e morreu a 9 de Abril de 1947 no Porto

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Happy Birthday Leighton Meester

Leighton Meester - click on to get higher resolution

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2011-04-08

Casa Vazia - Alberto da Cunha Melo

Poema nenhum, nunca mais,
Será um acontecimento:
Escrevemos cada vez mais
Para um mundo cada vez menos,

Para esse público dos ermos
Composto apenas de nós mesmos

Uns jõoes batistas a pregar
Para as dobras de suas túnicas
Seu deserto particular,

Ou cães latindo, noite e dia,
Dentro de uma casa vazia.


in Meditação sob os lajedos

José ALBERTO Tavares DA CUNHA MELO, nasceu em Jaboatão dos Guararapes, Pernambuco, em 08 de abril de 1942. m. Recife, 13 de outubro de 2007)

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A Primavera - Egito Gonçalves

Pouco sabemos sobre a Primavera!

Mas sabemos que as árvores reverdecem,
navios dançam sobre vagas curtas
e às janelas abrem-se os sorrisos
que adoçam os olhares e as manhãs.

Sabemos que o amor vem dos telhados
para ceifar os restos da agonia
e no ar límpido que anuncia o Verão
a coragem ganha alento, novos ritmos.

Sabemos que são fáceis as viagens
e o lançar de escadas sobre o abismo;
que os ventos são amenos e é possível
com um sopro afastar o silêncio e angústia.

Sabemos que um relógio quebra a inércia
e ordena que se queimem os arquivos;
que há pássaros e peixes que perfuram
a rede com que o cerco nos limita.

Sabemos que então se lavra terra
onde germina o pão e os lilases
e é doce repousar sobre os teus seios
- primaveras também, esperança, vida...


In Poemas Políticos 1952-1979; Moraes editores, 1980

José Egito de Oliveira Gonçalves (nasceu em Matosinhos, 8 de Abril de 1922 - m. Porto, 29 de Janeiro de 2001)

Ler do mesmo autor, neste blog:
Convite
O Teu Ombro Sabe
A Aventura É Ficar
Com palavras

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Happy Birthday Wendy Dubbeld

Wendy Dubbeld, Nothingandall

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2011-04-07

Benfica marca quatro e desperdiça mais... mas tem as meias-finais à vista


Benfica

4-1

PSV


Uma hora de luxo, Maxi e... (mini) Roberto

Os benfiquistas sofreram uma desilusão no passado domingo ao ver o rival nortenho festejar o título no seu próprio campo mas passados apenas quatro dias apresentaram-se em massa no Estádio da Luz fazendo a melhor lotação da época excedendo os 60 mil.

O Benfica começou bem com jogadas em velocidade, Maxi Pereira a fazer todo o corredor direito - foi o melhor jogador em campo fazendo uma grande exibição - a desequilibrar e o Benfica podia ter inaugurado o marcador logo aos 7' quando Saviola, numa rotação na área, atirou ao poste mais longe mas a bola bateu no ferro da baliza.

Passado o primeiro quarto de hora os holandeses conseguiram também fazer perigar a baliza de Roberto dispondo mesmo de uma excelente oportunidade para marcar: Dzsudzak (o melhor do PSV no jogo) aproveitou a marcação demasiado distante de Salvio para junto da linha de fundo no lado esquerdo cruzar para Marcus Berg em posição frontal rematar de cabeça mas ligeiramente ao lado. Aos 26' outra vez Dzsudzak a cruzar da esquerda mas Lens não chegou à bola que saiu um tanto demais para a frente. O Benfica conseguia impor um ritmo alto com acelerações de Maxi na direita e Coentrão na esquerda. Cardozo aos 30' fez Isaksson brilhar ao defender com uma mão para canto um remate ainda de longe do paraguaio. No minuto seguinte Saviola fez um cruzamento remate e Gaitán ficou coma cabeça a poucos centímetros do desvio da bola ja com o guarda-.redes batido. Nesta altura o resultado já era lisonjeiro para os holandeses mas não demorou muito para os dois laterais encarnados protagonizarem a jogada do primeiro golo. Foi Maxi que ainda no meio-campo defensivo começou a jogada, Coentrão retomou-a em grande velocidade o desequilíbrio foi gerado, Gaitan cruzou para Cardozo, este falhou mas a bola sobrou para o remate de pé esquerdo fulminante de Aimar que fez passar a bola pelo meio das pernas de um defesa e bater Isaksson.

O Benfica terminou a primeira parte da melhor maneira possível com Coentrão pela esquerda a ganhar o ressalto numa jogada de insistência e pôs a bola na zona nevrálgica com Salvio a concluir com êxito (e nota artística). Um resultado bom para o Benfica ao intervalo que dava ainda fortes expectativas aos adeptos de poder vir a ser ampliado.

No início da segunda parte não se viu reacção holandesa, o Benfica com Aimar, também em grande estilo, no meio-campo demonstrava superioridade. Salvio numa jogada individual pela direita entrou na área e desbaratou dois adversários para depois chutar cruzado ao segundo poste afastando a bola suficientemente da estirada com a perna direita do guarda-redes sueco. Resultado colocado em 3-0 e com os holandeses já sem saber onde se meterem (Engelaar viu logo a seguir o primeiro cartão amarelo do jogo), os adeptos benfiquistas passaram a contar com a possibilidade de resolução definitiva da eliminatória na Luz.

Mas alguma coisa - passa-se ainda com esta equipa do Benfica algumas coisas inexplicáveis- se passou. O Benfica passou a largar a bola rápido demais, Gaitán esteve sempre muito individualista e agora, verdade se diga, os holandeses também já não tinham nada a perder. Luisão na hora H tirou a hipótese de Berg marcar aos 57' e Saviola após mais uma jogada de Maxi tinha todo o tempo para preparar primeiro e rematar depois mas preferiu rematar, de primeira, de cabeça com um defesa afastar a bola do caminho da baliza. O jogo estava partido com superioridade dos ataques, um holandês (em aparente fora de jogo não assinalado) teve todo o tempo do mundo para marcar mas também ele se deslumbrou, foi lento e perdeu a possibilidade.

Entre os 73 e os 79' quatro substituições (duas em cada equipa) as de Jesus dando a aparência de querer segurar o resultado as dos holandeses de quererem fazer alguma coisa. Um cruzamento remate rasteiro da esquerda que dava a aparência de sair ao lado do segundo poste teve a intervenção (infeliz ou incompetente?) de Roberto que fez a assistência perfeita para Labyad, jogador de 18 anos recém-entrado em campo, marcar para os holandeses.

Perpassou dúvidas sobre toda a gente quanto ao destino da eliminatória - de uma solução definitiva à vista passa-se para um resultado perigoso até porque os holandeses estavam agora mais desinibidos ofensivamente.

Felizmente, o incansável Maxi (quando ninguém parecia querer avançar com bola), e já ao expirar o tempo de compensação, foi (uma vez mais) pelo lado direito da área adversária e cruzou para Saviola perto da pequena área fazer uma rotação e desta vez marcar, pelo meio da baliza, dando uma grande alegria aos benfiquistas que vêm no resultado alcançado margem suficiente para uma certa tranquilidade. Se o PSV é uma equipa de grande vocação ofensiva e pode-se considerar normal que marque dois golos em Eindhoven (na realidade, para passar tem de marcar pelo menos três), também o Benfica certamente marcará pelo menos um.

O árbitro italiano é do tipo de deixar jogar, jogar, só interrompe em último grau (na primeira parte só foram assinaladas sete faltas!). O assistentes que acompanhou o ataque do Benfica durante a primeira parte invalidou bem (por fora de jogo) o lance em que Cardozo enfiou a bola na baliza mas na segundas parte pareceu-nos equivocado em dois lances, um a deixar continuar uma jogada em que um avançado holandês apareceu isolado (pareceu-nos fora de jogo) e outro ao assinalar fora de jogo sem estar.

Ficha de jogo:
Quarter-finals, First leg - 07/04/2011 - 21:05CET (20:05 local time) - Estádio do Sport Lisboa e Benfica - Lisbon
Estádio da Luz, mais de 60 mil espectadores
Árbitro: Paolo Tagliavento (ITA)
BENFICA: Roberto, Maxi Pereira, Luisão, Jardel, Fábio Coentrão, Javi García, Salvio, Aimar (César Peixoto 78'), Gaitán (Jara 78'), Saviola e Cardozo (Felipe Menezes 90').

PSV EINDHOVEN (Titulares): Isaksson, Manolev, Marcelo, Bouma, Pieters (Wuytens 73'), Hutchinson, Bakkal, Engelaar, Lens, Marcus Berg (Labyad 79') e Dzsudzak.


Golos: 1-0 Aimar 37'; 2-0 e 3-0 Salvio (2 golos) 45+2' e aos 51'; 3-1 Labyad 80';
4-1 Saviola 90+4'

Disciplina:
53'Cartão amarelo para Engelaar, por falta sobre Javí Garcia;
69' Cartão amarelo para Pieters;
85' Cartão amarelo para Javi Garcia.

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Uma referência para os outros (grandes) resultados das equipas portuguesas: o Porto venceu o Spartak de Moscovo por 5-1 com 1-0 ao intervalo e um hat-trick de Falcão, enquanto o Braga foi empatar 1-1 em Kiev, marcou primeiro a equipa ucranioana logo aos 5' mas um auto-golo de Gusev aos 13' restabeleceu o empate. A expulsão de Shevchenko a meia hora do final facilitou a tarefa para os bracarenses e é um bom handicap para a segunda-mão já que o jogo começa com o Braga em vantagem. Um nulo em Braga é suficiente.

No outro jogo o Villarreal fez o mesmo resultado do Porto vencendo o Twente por 5-1 e. assim, já têm encontro marcado nas meias-finais.




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