Esquecimento - Mário Beirão
Vai alta a minha dor! As horas passam...
E nesta ausência, que te evoca e aviva,
Sinto a tua alma adentro em mim cativa;
Teus sonhos, Anjo, no meu sono esvoaçam...
As minhas mãos as tuas mãos enlaçam,
Dum eco extinto a nossa voz deriva;
Na tua fronte de oiro, pensativa,
Convulsas linhas meu destino traçam...
Virgem, que eu hei sagrado em meu Desejo,
Meu olhar em teus olhos, reflectido,
Chama por mim... ceguei e ainda o vejo!
Ó visão de um tão fúnebre recorte,
Se vivi, não me lembres ter vivido,
Porque eu descanso em ti e sou a Morte!
in «Poesias Completas», (Ausente - 1915)
Ed. Org. por António Cândido Franco e Luís Amaro
e prefaciada por José Carlos Seabra Pereira
Imprensa Nacional - Casa da Moeda, 1996
Mário Gomes Pires Beirão nasceu a 1 de maio de 1890, em Beja, e faleceu em Lisboa a 19 de fevereiro de 1965
Ler do mesmo autor e neste blog:
O Vago
Ausência
Cintra
Adeus
 


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