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2015-07-09

Cala-te - José Gomes Ferreira

Cala-te, voz que duvida
e me adormece
a dizer-me que a vida
nunca vale o sonho que se esquece.

Cala-te, voz que assevera
e insinua
que a primavera
a pintar-se de lua
nos telhados,
só é bela
quando se inventa
de olhos fechados
nas noites de chuva e de tormenta.

Cala-te, sedução
desta voz que me diz
que as flores são imaginação
sem raiz.

Cala-te, voz maldita
que me grita
que o sol, a luz e o vento
são apenas o meu pensamento
enlouquecido….

(E sem a minha sombra
o chão tem lá sentido!)

Mas canta tu, voz desesperada
que me excede.
E ilumina o Nada
Com a minha sede.

José Gomes Ferreira (n. no Porto a 9 de junho de 1900, m. em Lisboa a 8 de fevereiro de 1985)

Ler do mesmo autor, neste blog:


1 comments:








Luma Rosa

disse...

Oi, Fernando!
A realidade serve aos insatisfeitos um prato cheio e a poesia de José Gomes Ferreira é intemporal!
Gostei de saber que além de gostar de poesia também é um poeta!
:)
Beijus,