Blog Widget by LinkWithin

2013-07-28

Amanhã - Sidónio Muralha

Na hora que vem de longe,
cresce e vem, cresce e vem,

- os que tiverem frio hão-de lançar os meus versos ao lume,
e a chama há-de subir…
- os que tiverem fome hão-de lançar os meus versos à terra,
como se fossem estrume,
e a terra há-de florir…

Os meus poemas de tragédia são degraus

da hora que vem,
- cresce e vem,
- cresce e vem… -
Nos meus poemas cresceu, e sofreu, e aprendeu
nos meus poemas revoltos,
por isso vem de longe, nua, nua,
e traz os cabelos soltos…

Hora que vens de longe,
de longe vens, de rua em rua:
- hás-de passar e hás-de parar por toda a parte,
nua, formosamente, nua,

- para que já não possam desnudar-te.


Sidónio Muralha (nasceu na Madragoa, Lisboa a 28 de Julho de 1920; m. a 8 de Dez.1982 em Curitiba, Paraná, Brasil).

 Ler do mesmo autor, neste blog:
Soneto da Infância Breve
Romance
Dois Poemas da Praia da Areia Branca
Poemas de Sidónio Muralha
Os Olhos das Crianças 
Natal - Sidónio Muralha


0 comments: