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2012-07-12

Poema 1 de Vinte Poemas de Amor e Uma Canção Desesperada: Corpo de Mulher - Pablo Neruda


Corpo de mulher, brancas colinas, coxas brancas,
assemelhas-te ao mundo no teu jeito de entrega.
O meu corpo de lavrador selvagem escava em ti
e faz saltar o filho do fundo da terra.

Fui só como um túnel. De mim fugiam os pássaros
e em mim a noite forçava a sua invasão poderosa.
Para sobreviver forjei-te como uma arma,
como uma flecha no meu arco, como uma pedra na minha funda.

Mas desce a hora da vingança, e eu amo-te.
Corpo de pele e de musgo, de leite ávido e firme.
Ah os vasos do peito! Ah os olhos de ausência!
Ah as rosas do púbis! Ah a tua voz lenta e triste!

Corpo de mulher minha, persistirei na tua graça.
Minha sede, minha ânsia sem limite, meu caminho indeciso!
Escuros regos onde a sede eterna continua,
e a fadiga continua, e a dor infinita.

Extraído de Vinte Poemas de Amor e Uma Canção Desesperada, tradução de Fernando Assis Pacheco, Publicações Dom Quixote

Versão Original: Cuerpo de Mujer

Pablo Neruda [Ricardo Eliecer Neftalí Reyes Basoalto] (n. 12 Jul 1904, Parral, Chile; m. 23 Set 1973 em Santiago, Chile)




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