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2011-12-08

À MORTE - Florbela Espanca

Morte, minha Senhora Dona Morte,
Tão bom que deve ser o teu abraço!
Lânguido e doce como um doce laço
E como uma raiz, sereno e forte.

Não há mal que não sare ou não conforte
Tua mão que nos guia passo a passo,
Em ti, dentro de ti, no teu regaço
Não há triste destino nem má sorte.

Dona Morte dos dedos de veludo,
Fecha-me os olhos que já viram tudo!
Prende-me as asas que voaram tanto!

Vim da Moirama, sou filha de rei,
Má fada me encantou e aqui fiquei
À tua espera,… quebra-me o encanto

Florbela Espanca (n. Vila Viçosa, 8 Dez. 1894; m. Matosinhos em 8 Dez. 1930). «Bela» teve a sua vida inelutavelmente ligado ao dia 8 de Dezembro. Para além do nascimento, casou-se em 8 de Dezembro de 1913 (ou seja no dia em que completava 19 anos) e, como no poema que transcrevemos hoje, abraçou a morte no dia em que comemorava o 36º. aniversário.

Ler neste blog da mesma autora:
O Nosso Livro
Horas Rubras
Tarde de Mais
Ser poeta é
Amar!
Soror Saudade
Se tu viesses ver-me hoje à tardinha
Cantigas leva-as o vento


1 comments:








tulipa

disse...

Fernando
deixei há dias aqui um comentário e estranho o teu silêncio...

Neste feriado aproveito para colocar em dia as visitas aos blogues dos amigos,
porque durante os dias de semana não há tempo para nada...
a vida é um corre-corre!!!

Dezembro é um mês
que simboliza o fim de algo
um mês sempre gelado
que eu não gosto
é a altura do ano em que me apetece adormecer para acordar só em Janeiro...

Não sou poeta
mas direi...

e para lá deste outono
quase inverno
sobrevoa o desejo
de alguns momentos
de felicidade
na minha vida
nesta época
insensível e falsa
que se aproxima
a que alguns
chamam de Natal.

deixo-te um abraço,
neste dia gelado e nublado
8 de Dezembro
em que a alma gela
efeitos
da temperatura exterior
e interior