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2011-09-18

Paraíso Perdido - Bernardino Lopes

Outro, não eu, que desespero, ao cabo
de, em pedrarias de arte e versos de ouro,
ter dissipado todo o meu tesouro,
como os florins e as jóias de um nababo;

outro, não eu, que para o chão desabo,
esquecendo-te as culpas e o desdouro,
e a teus pés de marfim, como o rei mouro,
em torrentes de lágrimas acabo:

outro conspurca-te a beleza augusta,
cujo anseio de posse ainda me custa
como um verme faminto andar de rastros.

E mais deploro este meu sonho falso
ao recordar que andei no teu encalço
pelo caminho rútilo dos astros!


Bernardino da Costa Lopes nasceu em Boa Esperança (RJ) a 19 de Janeiro de 1859 e morreu no Rio de Janeiro a 18 de Setembro de 1916.

Ler do mesmo autor, neste blog:
Velho Muro
Namorados
Berço
Cromo


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