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2009-03-04

Recordando Eugénio de Castro que nasceu há 140 anos em Coimbra

Amores - Eugénio de Castro

a Jean Moréas

Judite, a loura e magra que ora vive
Entre palmas e mirra, nas novenas;
Dulce, a de peitos de hidromel e penas,
Com quem libidinosas noites tive;
Maria a ingénua, a plácida e macia,
Ingénua como um pintassilgo e pura
Como um mês de Maria;
Lídia, a trigueira hostil, severa e dura,
E Fábia, a de olhos perturbantes, lassos,
E de morenas, aprilinas pomas,
Fábia, cujos abraços
Me vestiam de aromas
Todas adorei,
Todas me adoraram
Quando as desprezei.

Antes de as possuir, antes de as subjugar
Co'a força do meu verbo e a luz do meu olhar,
Em cada uma eu via o céu aberto;
Mas apenas ao peito as comprimia,
O meu entusiasmo arrefecia
E o céu sonhado transformava-se em deserto...

Ante a posse, os desejos esmorecem;
Do amor na amarga pugna,
Fui como os doentes que tudo apetecem
E a quem tudo repugna

in 366 poems que falam de amor, uma antologia organizada por Vasco Graça Moura, Quetzal Editores

Eugénio de Castro (n. em Coimbra a 4 Março de 1869; m. em Coimbra, a 17 de Agosto de 1944)

Ler do mesmo autor:
A Laís
Tua frieza aumenta o meu desejo
Presságios
Epígrafe


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